segunda-feira, 16 de novembro de 2009

##Os diferentes modos de selecção genética ##

Os diferentes modos de selecção genética
A selecção consiste na escolha de reprodutores para obter, a médio e longo prazo, cachorros conforme os objectivos pretendidos. Existem vários métodos que permitem ao criador atingir a sua finalidade.
Selecção fenotípica
Este método, que ignora voluntariamente qualquer pesquisa genealógica, consiste no acasalamento de dois reprodutores de qualidade tendo em vista a obtenção de descendentes seus semelhantes. Mas, como referido, o fenótipo nem sempre reflecte o genótipo. Assim, esta técnica de selecção pode conduzir a resultados não pretendidos.
Na verdade, se um proprietário acasalasse dois cães de pelagem preta e curta, seria de esperar que os cachorros fossem iguais aos progenitores. Contudo, se os dois cães forem do genótipo Bl/bL, bastará verificar o quadro anterior para prever que mais de 40% dos cachorros não terão o aspecto previsto!
É possível aplicar este processo denominado "selecção em massa" (ou individual) se o criador procurar um caracter novo e excepcional que seria fruto do acaso. Para limitar o aspecto aleatório deste método, poderá inspirar-se de forma útil em resultados experimentais que tenham analisado estatisticamente a hereditabilidade de determinados caracteres.
Para este propósito é aconselhado, se tiver acesso às estatísticas do clube da raça, traçar um gráfico representando o número de cães possuidores de um caracter quantitativo definido. Por exemplo, se listarmos os cães machos dessa raça em função da actividade em decurso e se obtivermos 2 picos bem distintos, poder-se-á recorrer a duas linhagens distintas, ou seja, a um suporte genético de qualidade considerável. Se obtivermos uma curva com apenas um pico do tipo curva de Gauss, é preferível não tentar seleccionar com base neste caracter.
A título de exemplo, se o criador pretender obter cães de caça excepcionais, poderá escolher os candidatos para reprodução baseando-se numa média de caracteres que pretenderá manter em função da hereditabilidade (e, eventualmente, em função da importância atribuída).
Exemplo de trajecto típico de Gauss (centrado na média num canil de 96 cães adultos).
Segundo J.-F. Correau
De modo a realizar uma selecção em massa, o criador avalia o candidato, atribuindo-lhe uma pontuação média. No exemplo anterior, o candidato teria obtido a pontuação média de (0,07.8 + 0,11.3 + 0,04.2 + 0,02.10 + 0,18.6 + 0,10.7 + 0,09.8)/(0,07 + 0,11 + 0,04 + 0,02 + 0,18 + 0,10 + 0,09) = 602 que tem em conta o conjunto de caracteres seleccionados e as "hipóteses de transmissão".Segundo a lógica, ao acasalar os candidatos avaliados com as melhores pontuações, o criador deveria obter indivíduos fisicamente aptos. No entanto, terá que ter em consideração que os caracteres quantitativos (como o peso ou o tamanho que são mensuráveis) são geralmente menos hereditários do que os caracteres qualitativos (como a cor da pelagem que é observável) e que as suas avaliações nunca serão totalmente correctas, devido à sua subjectividade. Os criadores têm a noção que é mais fácil e rápido produzir um campeão de beleza do que um campeão de trabalho. A altura do garrote representa igualmente um caracter quantificável. É um facto que se, entre a população canina, o criador acasalar os maiores indivíduos, obterá, após várias gerações, cães de maior tamanho. Pelo contrário, se afastar da reprodução os cães "hipertipos" (tanto os grandes como os pequenos), obterá um tamanho médio.
Para terminar, convém reter que este método se aplica a uma reprodução que procura a sua especificidade (como o artista pouco experiente que procura o seu estilo), que se refere essencialmente a uma selecção de caracteres quantitativos, e que os resultados são aleatórios, progressivos e demorados a obter. Este modo de selecção é bastante utilizado em cães de trenó, por exemplo, cujos desempenhos se baseiam na pureza da raça. Todavia, este método tem como vantagem um enriquecimento genético, através da utilização de genes de origens muito diferentes, e também permite recuar em caso de falhas.Selecção genealógica
Partindo do princípio que "o hábito não faz o monge", este modo de selecção tenta predizer o valor genético de um reprodutor pela apreciação dos seus antepassados, descendentes e aparentados.
Na verdade, em vários casos, os estudos genealógicos permitem compreender o motivo pelo qual alguns indivíduos excepcionais dão origem a indivíduos menos interessantes e alguns menos interessantes dão origem a indivíduos excepcionais. No primeiro caso, é provável que um campeão proveniente de uma selecção em massa ou de um acasalamento aleatório seja fortemente heterozigótico para as características que o tornam excepcional. Se, para além disso, as suas qualidades forem recessivas, dificilmente as transmitirá à sua descendência.
A sua reputação e carreira ficarão rapidamente em perigo apesar dos seus desempenhos. Pelo contrário, se um reprodutor apresentar qualidades raras num estado homozigótico, poderá marcar fortemente a sua descendência com as suas qualidades mesmo que apresente alguns defeitos recessivos ou não hereditários. Retomemos o simples exemplo anterior: se considerarmos a pelagem preta como uma qualidade primordial, é evidente que a melhor decisão será escolher reprodutores homozigóticos B/B em vez dos heterozigóticos B/b. Neste caso, é fácil determinar um macho reprodutor homozigótico B/B através da avaliação da sua ascendência (ausência de pelagem castanha no pedigree) ou descendência com uma fêmea b/b ou B/b. O aparecimento de uma única pelagem castanha na descendência assinala, na verdade, a "impureza" do genótipo do macho relativamente ao alelo B.Compreende-se assim a noção de "puro sangue", aplicável tanto na espécie canina como nos cavalos reprodutores fortemente homozigóticos e, portanto, de boa raça, ou seja, capazes de marcar a sua descendência. Felizmente, como a maioria das qualidades são dominantes e as taras maioritariamente recessivas, o aparecimento de defeitos está limitado ao acasalamento entre heterozigóticos (os homozigóticos com taras são geralmente afastados da reprodução). O ideal seria sem dúvida poder utilizar os reprodutores possuidores de todas as qualidades pretendidas no estado homozigótico!Para este fim, o meio mais seguro e o mais rápido é o da consanguinidade.

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