segunda-feira, 16 de novembro de 2009

##Genética e características morfológicas ##

Genética e características morfológicas
A morfologia refere-se ao visível e inclui dados referentes, no que respeita ao cão, à fisionomia geral, ao formato do animal na idade adulta, à sua cabeça, membros, estrutura, pelagem, e mesmo à cor dos olhos. A presente obra não pretende ser um tratado exaustivo sobre genética aplicada à reprodução canina. Na verdade, existem estudos muito bem documentados sobre esta temática, os quais aconselhamos a leitura. Por sua vez, tentámos agrupar os elementos mais conhecidos que conduzem, no cão, ao aparecimento de determinada característica morfométrica.
Perfil morfológico geral do cão
O perfil de um cão (rectilíneo, convexilíneo, concavilíneo) e as suas proporções (mediolíneo, longilíneo, brevilíneo) permitem avaliar o tipo morfológico geral do animal, o qual varia consideravelmente na espécie canina.
Como afirma Bernard DENIS, grande especialista em genética canina, "a intervenção de factores genéticos necessita, na espécie canina, de diferenciar a perspectiva entre os tipos harmoniosos e desarmomiosos:
- a harmonia pressupõe que, partindo de um tipo médio – representado, por exemplo, por um perdigueiro (eumétrico, rectilíneo, mediolíneo) -, se possa evoluir progressivamente e da mesma forma, por um lado, em direcção a um hipermétrico em tamanho, ultra-longilíneo, ultra-convexilíneo tipo galgo (o animal aumenta, alonga-se e aplana-se lateralmente) e, por outro, em direcção a um hipométrico em tamanho, ultra-brevilíneo, ultra-concavilíneo, tipo bulldog inglês (o animal diminui em tamanho e comprimento e alarga-se lateralmente); - há desarmonia quando as variações não ocorrem nas direccões mencionadas: por exemplo, um perfil ultra-convexilíneo com um tronco ultra-brevilíneo (tipo Bull Terrier), um perfil ultra-concavilíneo com um tronco mediolíneo (Cavalier King Charles), membros curtos com um tronco sub-longilíneo (Basset Artésien-Normand), etc."
Neste contexto, a hereditabilidade do tipo morfológico afigura-se elevada, em que este caracter melhora bastante pela selecção e não é enfraquecido pela consanguinidade; nesta transmissão intervêm efeitos multi-génicos de acção específica, mas também a acção directa de genes principais.
O formato, que engloba tanto o tamanho como o peso, possui também uma hereditabilidade aparentemente bastante elevada. Este caracter fixa-se geneticamente e a alimentação (mais globalmente, as condições do canil) apenas permite a sua expressão mais ou menos precoce. O aumento do formato de determinadas raças é puramente genético, e nunca será possível, através da alimentação, aumentar os cães para além do seu potencial genético! Elementos morfológicos específicos
Elemento fundamental da "beleza" canina, a cabeça é determinada pela genética quantitativa. Assim, o criador deverá estar atento para alguns excessos: a tentativa de obtenção de focinhos demasiado longos ou finos, por exemplo, conduzirá, na maioria dos casos, a uma selecção genética involuntária de animais com prognatismo superior. O prognatismo inferior (queixo saliente) ou o prognatismo superior (mandíbula superior saliente) parece possuir um determinismo autossómico recessivo. As anomalias dentárias são diversas e constituem, dependendo do país, "defeitos" mais ou menos graves; a única constatação possível é que uma dentição defeituosa tem mais hipóteses de se manifestar em descendentes de dois progenitores com falta de dentes do que noutros cujos progenitores possuam uma dentição normal.
Os conhecimentos actuais sobre a genética do posicionamento das orelhas também são escassos; a forma, a implantação e o porte deverão ser estudados como caracteres quantitativos, submetidos a efeitos poligénicos. O comprimento dos membros fornece também um exemplo de situação genética complexa, na qual intervêm vários mecanismos genéticos:
- efeitos poligénicos para o caso geral, - um gene dominante com domínio incompleto no caso de alguns Bassets, - um gene recessivo em determinados casos particulares (Cocker, Malamute do Alaska).
Por fim, a forma e o porte da cauda são igualmente hereditários e constituem caracteres étnicos cujo determinismo é poligénico.Genética e faneras
Os elementos visíveis de um cão comportam, obviamente, a pelagem, tanto ao nível da cor como da textura. Neste contexto, utiliza-se uma nova nomenclatura de pelagens de cães desde 1991, iniciativa de Costiou e Denis (ver quadro em anexo). Os elementos aqui referidos serão os utilizados por este último autor.
No cão, a cor do pêlo, da pele e da íris resulta de pigmentos denominados melanina (pigmento claro variando do amarelo ao vermelho), responsável pela síndrome do pêlo vermelho em caso de carência nutricional em tirosina.
O branco não existe enquanto cor; a ausência de pigmento resulta na presença de ar contido numa substância sólida translúcida, que é o córtex do pêlo (observa-se a mesma situação para a "cor" branca da neve, por exemplo).
Assim, um certo número de alelos em diferentes lócus poderá intervir: - na síntese de eumelanina sobre todo ou parte do corpo ou dos pêlos; - na alteração desta síntese para a da feomelanina (com uma possível interferência nutricional em caso de carência relativa em tirosina); - na inibição da formação de pigmentos sobre todo ou parte do corpo.
Os lócus em causa podem-se reagrupar em três categorias: - os que determinam a cor base da pelagem; - os que afectam a intensidade da pigmentação; - os que suprimem a pigmentação.
Os dados que se seguem, modificados segundo Denis, recapitulam o conjunto dos elementos conhecidos relativamente à genética da pelagem, do olho, da trufa e das unhas do cão.

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