Consanguinidade (ou endogamia)
Definição
O princípio da consanguinidade é simples: consiste no acasalamento de indivíduos aparentados com o objectivo de fixar as suas qualidades no estado homozigótico. O grau de consanguinidade de um indivíduo é directamente visível em 3 gerações através da leitura do seu pedigree.
Portanto, a consanguinidade caracteriza-se por: - um coeficiente de parentesco (100% entre irmãos e irmãs, 50% por acasalamento pai-filha ou mãe-filho, 25% entre avós e netos, etc). - um grau de parentesco que representa o número de gerações que separa o indivíduo do seu familiar. Como exemplo, uma consanguinidade 2-3 indica que o antepassado comum é o avô do lado paterno e a bisavó do lado materno.
Formas de utilização da consanguinidade
A consanguinidade permite fixar os caracteres e, assim, criar uma linha estável a partir de dois indivíduos aparentados ("in-breeding"). Contudo, esta técnica tanto fixa qualidades como defeitos e, como tal, é importante começar o processo a partir de antepassados perfeitos.
Esta técnica pode assim revelar a existência de taras recessivas através do aparecimento de cachorros homozigóticos com taras que convirá excluir da reprodução para controlar a criação.
Contudo, é de referir que este método apenas revela as taras genéticas pré-existentes em estado latente no genoma dos reprodutores e que a sua exteriorização permite detectar retrospectivamente os portadores heterozigóticos. Desta forma, mesmo se a selecção pareça impiedosa, a dupla exclusão dos portadores de taras e dos seus progenitores permite ao criador concentrar a sua produção com base em indivíduos geneticamente sãos. Os excluídos da reprodução podem perfeitamente servir para proprietários que não desejam confirmar ou reproduzir o cão.
Retomemos o exemplo de um criador que deseje eliminar a cor "castanha". Se acasalar dois reprodutores de pelagem preta de genótipo B/b, obterá estatisticamente 3/4 de cachorros pretos e 1/4 de cachorros castanhos na geração F1. Se excluir da reprodução os cachorros castanhos (b/b) e se acasalar os cachorros pretos F1 (1/4 B/B e 1/2 B/b) com os seus progenitores (B/b), obterá normalmente na geração F2 uma ninhada 100% preta, e as outras com alguns cachorros castanhos. Este método permite, portanto, distinguir os indivíduos puro-sangue B/B obtidos em F1 que apenas darão origem a cachorros pretos. É o princípio da experimentação. Vantagens e desvantagens da consanguinidade
Em resumo, a consanguinidade permite:
-revelar e eliminar os defeitos genéticos, -fixar uma série de qualidades pretendidas pelo criador.
No entanto, não permite criar novas qualidades genéticas e é difícil recuar se introduzir inadvertidamente uma forte taxa de caracteres homozigóticos desfavoráveis…
A consanguinidade conduz a um empobrecimento genético, a um aumento transitório de exemplares mais fracos vendidos a baixo preço e, frequentemente, a uma diminuição da prolificidade relacionada com a reabsorção de determinados embriões geneticamente não viáveis (genes ditos "letais" no estado homozigótico devido à incompatibilidade com a vida).
Mesmo se a consanguinidade for bastante ressentida pela população neófita que a poderá comparar à pureza étnica, a reputação de um canil estará paradoxalmente ligada à estabilidade das qualidades obtidas por este método (reprodutores "recomendados" pela SCC).
Mas, a determinado momento, o abuso da consanguinidade arrisca-se a atingir um impasse evolutivo. Os testemunhos de alerta, como a diminuição de prolificidade ou o aparecimento de outras taras em quantidade superior a 10%, surgem geralmente na 5» geração consanguínea e indicam ao criador que é o momento de "fortalecer" a sua linhagem com uma nova "corrente de sangue" ("out-crossing").
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