quinta-feira, 3 de junho de 2010

## Cães reforçam policiamento em Belém ##



Cães reforçam policiamento em Belém SEGURANÇA - Matilha de 20 animais poderá detectar drogas e capturar fugitivos
MICHELINE FERREIRA
Da Redação
Um gupo de 20 novos cães vai ajudar no patrulhamento ostensivo de Belém este ano. A tarefa, no entanto, vai mais além. Os novos animais do canil da Polícia Militar (PM) do Pará serão treinados não apenas para detectar munição, armamento, explosivos e drogas, mas também poderão receber treinamento para busca e captura de pessoas na área de selva, os fugitivos, e ainda para a detecção de vítimas em áreas colapsadas, como soterramento, deslizamentos e escombros. Eles chegaram na noite da última quinta-feira, 7, de canis de Goiânia e São Paulo.
Os cães já são hoje importantes aliados no combate ao crime, segundo o secretário Estadual de Segurança Pública, Geraldo Araújo. Existem atualmente 27 deles na Companhia Independente de Policiamento com Cães e, com a chegada dos novos, dez serão substituídos porque atingiram 8 anos, idade limite de trabalho do animal no canil. Como militares, os cães vão direto para a reserva. Na linguagem administrativa, como são patrimônio do Estado, precisam ser descarregados. Vão ser oferecidos para o adestrador, para outras pessoas do canil e depois à sociedade. Quem o receber assina termo de compromisso de que o cão não vai mais trabalhar, apenas 'curtir a aposentadoria'.
O subcomandante da companhia, capitão Fábio Carmona, informou que sete adestradores vão trabalhar no treinamento e especialização dos novos cachorros. São 15 pastores alemães e cinco rottweilers que chegam para reforçar a ação nas ruas. A intenção da Polícia Militar é aumentar o universo de animais dentro da corporação. Uma dupla de homens-cães cobre uma área equivalente a dez homens ou cinco duplas no trabalho de ostensividade, que está diretamente vinculado à prevenção do crime.
PELOTÃO
A matilha atua no policiamento ostensivo a pé e no radiopatrulhamento com apoio de outros cães. O trabalho que a PM do Pará faz se diferencia da atuação dos canis de outros Estados do País. A doutrina implantada pela Companhia Independente de Policiamento com Cães coloca o animal como o 'quinto homem'. O cachorro fica na mesma viatura com policiais e está apto para atuar seja em caso de rebelião e gerenciamento de crise, seja no controle de distúrbios civis como passeatas, e até na formação do que a PM chama de 'choque ligeiro'.
Na prática, portanto, basta reunir quatro viaturas que estão na rua que se forma um pelotão de choque canino. 'Outras polícias do Brasil querem copiar o nosso modelo, porque aqui no Estado o cão é capaz de saltar de uma viatura e agir', informa o capitão.
No grupo de animais treinados no Pará existe um habilitado a descobrir narcóticos. A cadela Lua, da raça Labrador, é especializada nesta ação. Já o cachorro Antrax, um Pastor Belga de Mallinois, é o especialista em detectar explosivos, armamento e munição. Os dois trabalharam no Panamericano e se destacaram, tanto que a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), por causa da atuação dos dois cães, deu à PM do Pará duas viaturas grandes Ducatto, preparadas para o transporte desses animais.
Atuação canina melhora o combate ao crime organizado e a proteção
O subcomandante da Companhia Independente de Policiamento com Cães, Fábio Carmona, que trabalha há oito anos na coordenação do canil, assegura que a atuação dos cães 'melhora o combate ao crime organizado e torna o policiamento ostensivo mais eficaz'. 'O cão aumenta a sensação de segurança na viatura. E a própria postura do policial muda com o cão. Ele se sente mais seguro', avalia.
O subcomandante da companhia destaca que o cachorro é 'um instrumento com mais velocidade e potencial de agressividade alto, muito maior que a do ser humano', e por esses motivos é que o policial ganha mais confiança, segurança, a partir de um recurso a mais que ele passa a ter antes de chegar a usar uma arma. O oficial da Polícia Militar (PM) ressalta também que o animal ajuda a inibir a prática de crimes porque 'todo ser humano tem a chamada cinofobia, o medo do cão'. 'Um dia, o cão foi nosso predador', sustenta, com o argumento psicológico.
As vantagens, segundo o capitão Fábio Carmona, são inúmeras. Ele cita, por exemplo, que o faro do cão é 40 vezes mais potente que o do ser humano. Exatamente por isso o animal consegue distinguir uma gota de sangue em cinco litros de água. Os novos labradores e pastores, quando estiverem prontos, vão ser distribuídos no efetivo da PM, mas de acordo com o perfil do policial, para que os animais tenham melhor rendimento. 'É mais fácil trabalhar com animais. O cachorro é mais sincero que o ser humano. Não tem falsidade com o cão', sentencia.
APTIDÕES
Os novos cães que chegaram à Polícia Militar atendem a critérios importantes. Todos têm que ter um padrão de estrutura estabelecido pela raça e temperamento adequado para o trabalho policial. Para selecionar os animais, a PM faz primeiro o Teste de Volhard, específico para a percepção das aptidões. Entre as principais habilidades que o cachorro que trabalha no combate ao crime deve ter é a coragem.
Segundo o capitão Fábio Carmona, o cachorro não pode ter nenhuma inibição com estampido, barulho, altura, objetos estranhos, outros animais e pessoas. O cachorro também tem que reunir o 'driver de caça', que nada mais é do que a disposição de perseguir uma presa e segurá-la, além da defesa, que é o instinto natural de defender a si próprio, o seu território e uma pessoa.
Os novos cães adquiridos pela PM do Pará serão treinados ao longo do ano. Os animais de um ano passarão por treinamento pelo período de oito a dez meses para estarem aptos a ir para a rua. O oficial explica que os animais precisam, nesse período, 'atingir a maturidade'. 'Até então, estarão apenas em treinamento e socialização', explica.
Os cinco labradores serão mais usados para desenvolvimento do faro. Os 15 pastores devem ser usados para o faro e outros no radiopatrulhamento. Os animais que desenvolvem o faro geralmente são os que mais têm 'espírito lúdico, a vontade de brincar e a possessividade'. 'O cachorro tem que ser egoísta com o brinquedo e ficar farejando atrás dele o tempo todo. O nosso treinamento será assim. Escondemos o brinquedo dele e associamos o brinquedo com o cheiro do narcótico em quantidade para não viciar', esclarece. (M. F.)