terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

## Que cães maravilhosos...##

Que cães maravilhosos...



Cão de Busca e Salvamento

(Cão de Busca e Salvamento usando o colete laranja, reconhecida mundialmente como a cor dos membros das equipes de resgate)


Embora esta parte trate de uma reportagem sobre os Cães de Busca e Salvamento, aproveito para homenagear os homens e mulheres de todo o mundo em especial os membros dos grupamentos de Corpos de Bombeiros Militar de todo o Brasil que estão de prontidão 24 horas por dia, 365 dias por ano para atender ao chamado acima e além do dever quando requisitados.

O atentado terrorista de 11 de setembro de 2001 que culminou no desabamento das torres gêmeas de Nova Yorque mobilizou o maior número de cães de Busca e Salvamento jamais vista na história. Os pequeninos membros dos grupos de busca e salvamento, os cães, que quase nunca são lembrados a não ser por quem com eles trabalham ou que por eles foram salvos, terão sempre uma parte dedicada a eles neste site. E ainda há quem duvide que o cão seja o melhor amigo do homem.


"Que Cães Maravilhosos..."


"Se vão ser achadas pessoas vivas, serão os cães que as irão encontrar"
(Barry Kellog, chefe do Serviço de Assistência Médica Veterinária que auxiliou os cães de Busca e Salvamento no Word Trade Center)


Cão de Busca e Salvamento e seu condutor

(Cão de Busca e Salvamento e seu condutor)


Em um posto médico iluminado por holofotes, quatro Médicos preparam um dos trabalhadores de emergência para o longo dia a frente. Envolvem suas pernas em fitas adesivas e encaixam botas novas. Oferecem-lhe comida, verificam seus olhos porque a fumaça e a poeira podem embaçá-los e queimá-los nas próximas horas. Mas principalmente, beijam seu focinho, esfregam sua barriga e dizem coisas como "Bom garoto Porkchop".

Por uma semana, Porkchop, um Australian Shepherd de um ano de idade, tem feito buscas no ferro retorcido que um dia foi o World Trade Center em Nova Yorque. No seu tempo livre, come formigas e assiste ao canal de TV Animal Planet. Nos últimos dias, ele tem buscado por sinais de vida ou morte no meio das ruínas. Ele não encontrou sobreviventes.

Mas Porkchop descobriu tantos restos humandos que seu tratador, Erick Robertson, diz que já perdeu a conta, no que se acredita ser o maior destacamento de cães da história, aproximadamente 350 cães especializados estão no World Trade Center.
Porkchop

(Porkchop, um dos cães que trabalharam nas buscas)


Até pessoas mais afeitas a gatos os admiram. Com nomes como Dutch, Tuff, Bigfoot, Sally, Max e Cowboy, eles trabalham em turnos de 12 horas cavando túneis e penetrando em destroços instáveis para caçar o menor resquício de vida ou de morte.

"Se vão ser achadas pessoas vivas, serão os cães que as irão encontrar", diz Barry Kellog, que gerencia a equipe de Assistência Médica Veterinária, parte do serviço público de saúde dos EUA que cuida dos animais em desastres.

Agora que os esforços estão mais concentrados em recuperação do que em resgate, os "cães de cadáveres", assim denominados, que vêm até mesmo da Europa, têm um papel muito importante em dar respostas para milhares de famílias dos desaparecidos.

Famílias visitando o local do desabamento parecem saber disso e trazem fotos na esperança que algum dos tratadores tenha visto alguma das vítimas.

Até aqui, Porkchop identificou restos humanos junto a carteiras e bolsas que ajudaram a identificar quatro pessoas.

"A nossa missão principal é tirar as pessoas dali", diz Michael Kidd, um membro do Corpo de Bombeiros de Miami. Seu Pastor Alemão, Mizu, já esteve em missões até mesmo na Turquia. "Mas o que mais importa aqui é dar às pessoas a certeza de que acabou"

Cães de cadáver freqüentemente têm anos de treinamento com seus tratadores, que geralmente são membros do Corpo de Bombeiros ou são Paramédicos. Eles precisam ser impassíveis na frente de pessoas gritando e de equipamentos de escavação e fisicamente capazes de se mover através de pequenos espaços e até mesmo subir escadas de bombeiros.

Apesar de muitos cães policiais terem visitado o local, os cães de resgate tendem a ser muito mais treinados. Estes cães precisam aprender truques que são opostos aos seus instintos.

Quando um cão corre, ele enterra suas unhas no chão. Quando uma superfície se move, o cão tende a saltar.

Mas estes cães aprendem a caminhar com suas patas abertas, para não mover o chão abaixo deles. É por isso que muitos não usam as botas para cães oferecidas a eles.

Eles aprendem a rastejar, baixando seu centro de gravidade, quando os destroços se mexem abaixo deles, diz Shirley Hammond, uma especialista em cães de resgate de 67 anos, de Palo Alto, Califórnia. O seu Dobermann Metrodobe Spicey's Sunny Boy, o Sunny, cheira a mão com que ela gesticula atentamente.

Como se ensina um cão a achar restos humanos? Há produtos macabros, como os "Corpos Falsos", que imitam o cheiro de carne decomposta. Outros treinadores usam corpos e placentas doados à Ciência. Com um olfato milhares de vezes mais apurado que o humano, cães podem sentir cheiros através do concreto dos destroços.

No World Trade Center, os cães trabalham em times e setores diferentes dos destroços. Engenheiros estruturais investigam a áreas para determinar se é seguro explorá-las. Especialistas em materiais perigosos, conhecidos como "hazmat", procuram por restos de combustível de avião, Diesel Freon e Toner, para mencionar alguns.

Depois vêm os cães. Quando eles encontram restos, alguns latem. Outros são treinados para deitar. Especialistas em resgate vêm então verificar o que os cães descobriram.
Cão de Busca e Salvamento recebendo água

(Cão de Busca e Salvamento recebendo água)


Para cuidar dos cortes, exposição a produtos químicos e desidratação, o serviço público de saúde enviou o Serviço de Assistência Médica Veterinária, ou VMAT.

Trabalhando em turnos de 12 horas, estes homens e mulheres e Médicos Veterinários voluntários formam uma equipe baseada no meio da West Street, algumas quadras ao norte do World Trade Center.

Uma tenda de 20 metros tem uma mesa com seringas, aparelhos para limpar ouvidos e olhos, gavetas com gazes e bandagens, bolsas de solução intravenosa penduradas em suportes, protetores para patas e diversos brinquedos, ossos e biscoitos, quase o suficente para uma Pet Shop.

A última noite de sábado foi calma. Quando os Médicos Veterinários mudaram de turno às 11 horas, nenhum cão apareceu por horas. Então Cara, um Beauceron de dois anos, chegou. Ela tinha acabado de penetrar em um espaço de poucos centímetros com uma câmera amarrada a ela. O seu treinador queria que aparassem suas unhas e limpassem seus olhos.

Os Médicos Veterinários verificaram e descobriram que ela estava ligeiramente desidratada e recomendaram que ela bebesse líquidos assim que terminasse seu turno. Ela retornou aos destroços em um pequeno veículo 10 minutos mais tarde.

Pelas próximas três horas, apenas voluntários empurrando carrinhos passaram por ali, oferecendo comida, bandeiras e curativos para os pés. Caminhões de carga com luzes estroboscópicas passavam. Alguns minutos depois das 2 da manhã, uma ambulância com uma escolta policial imensa, inclusive motocicletas, se encaminharam para o norte com os restos de um policial. Duas outras caravanas iguais passariam ainda pelo local.

Às 5 da manhã, o próximo paciente chegou - um Pastor Alemão que trabalha como cão de patrulha para o departamento de polícia de Nova York. Dwyer, com as orelhas baixas, estava sofrendo de diarréia e estava assustado, por ter sido mordido por outro cão. Mitch Biederman, um Médico Veterinário voluntário, disse que Dwyer sofria de stress. Um outro Médico Veterinário lhe deu um remédio.

Às 6 horas, houve uma mudança de turno, e os cães começaram a chegar. Primeiro foi Kinsey, uma Labrador preto que sacudia o corpo mais que a cauda. O Médico Veterinário mediu sua temperatura e limpou-a. Ela agarrou um brinquedo, enquanto seu tratador notava que havia cheiro de cadáveres por toda parte.

Cholo, um Pastor Alemão, foi o próximo. Como a maioria dos cães especializados, ele é parte de uma equipe de resgate, esta do Texas. Mas ele busca por sobreviventes, não cadáveres. E ele não encontrou ninguém em seu turno, informou Bert Whiters, o chefe de buscas.

Para evitar que os cães fiquem tristes depois de um dia de trabalho sem resultados, alguns tratadores se escondem e deixam que os cães os encontrem.

Mas a única coisa que preocupava Cholo agora era o banho que ele estava prestes a tomar, com um regador e um balde pendurados em um tripé. Pelo olhar dele o banho parecia uma ameaça.

O último a aparecer foi Thunder, um Golden Retriever de seis anos que é parte de uma equipe de resgate de Washington. Thunder também foi examinado. Ele havia estado cavando através dos destroços. "Ele está tão estressado que não pode mais ir aos destroços" diz seu tratador, Kent Olson. Depois que um banho o livrou da poeira e da graxa na sua cabeça, Thunder rumou para a área de descanso, enquanto Porkchop, com suas botas laranja, ia em direção aos destroços. Um Médico Veterinário acaricia sua cabeça e diz "Que cães maravilhosos".