terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

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Os animais conseguem aprender e planejar sem ter uma noção do tempo?

Os seres humanos têm duas capacidades importantes para ajudar a entender o tempo: são capazes de lembrar de uma seqüência de acontecimentos e podem prever necessidades e eventos futuros. Estudos mostram que os animais podem ter essas capacidades, mas em menor proporção. 
Experiências mostram que os animais podem não ter qualquer noção de passado ou futuro
©iStockphoto.com/Daniel Froese
Experiências mostram que os animais podem não ter qualquer noção de passado ou futuro
Os cientistas testaram as memórias de trabalho (memória de curto prazo) e as memórias de referência (longo prazo) dos bichos para ver como eles se recordam de uma seqüência de acontecimentos. Nos testes de memória de trabalho, os pombos e os primatas precisavam se lembrar de uma seqüência para conseguir bicar ou apertar na ordem certa mais de uma vez. Caso conseguissem, ganhavam uma recompensa [fontes: Parker, Devine(em inglês)]. Eles se saíram muito bem nessas tarefas, mas a memória deles desapareceu rápido. Roberts acredita que eles provavelmente estavam aprendendo da memória mais fraca até a mais forte, ao invés de "aprender" ou "relembrar" uma seqüência.
Outros pesquisadores descobriram que os pombos e os macacos (em inglês) tiveram um bom desempenho em testes de memória de referência em que precisavam lembrar de uma seqüência depois de um intervalo entre o aprendizado e a análise [fontes: Straub (em inglês), D'Amato]. No entanto, foi necessário um treinamento longo para que aprendessem essas seqüências, o que sugeriu para Roberts que essa capacidade não era natural nesses animais. De acordo com os testes, parece que os animais percebem o tempo de uma maneira diferente dos humanos, que possuem uma memória relativamente confiável e sofisticada da ordem dos acontecimentos.
Além disso, não parecem prever muito bem as necessidades futuras e as recompensas, o que sugere para os pesquisadores que não possuem uma noção de futuro. Por exemplo, quando tiveram a oportunidade, os pombos escolheram uma recompensa menor e imediata ao invés de esperar por uma maior no futuro [fonte: Rachlin, Tobin]. Em outro teste, os pesquisadores ofereceram aos primatas a oportunidade de escolher entre uma ou duas bananas. De maneira compreensível, eles escolheram duas bananas. No entanto, quando a quantidade da fruta nas duas opções aumentou, eles começaram a apresentar menos preferência. Como no momento não estavam com fome o suficiente para comer 10 bananas, escolheram cinco  na metade das vezes [fonte: Silberberg]. A partir dessas experiências, Roberts conclui que esses animais procuravam satisfazer a fome imediata e não planejavam para as necessidades futuras. Isso é bastante improvável para os humanos, que geralmente usam razão e premeditação para prever as necessidades futuras, desde levar o almoço para o trabalho até investir em um plano de aposentadoria.
E os esquilos e outros bichos que acumulam comida para os meses futuros de inverno? Esse comportamento parece indicar que prevêem as necessidades futuras. Mas na verdade, talvez não. Estudos indicam que eles não param de guardar comida mesmo quando os seus estoques desaparecem de maneira inexplicável. Isso pode significar que não entendem o motivo de guardarem comida, o que ela significa para o futuro ou até mesmo o que é o futuro. Eles simplesmente fazem isso devido ao instinto [fonte: Roberts]. Os humanos, por outro lado, entendem seus planejamentos e mudam rapidamente suas estratégias quando os planos dão errado.
Se os animais estão "parados no tempo," como Roberts sugere, isso pode significar que entender o tempo é uma capacidade única do ser humano. Então que tal tentar aprender alguma coisa com a percepção canina e despreocupada de "viver o momento"?