terça-feira, 28 de dezembro de 2010

## Reportagem, Aumenta procura por cães de aluguel durante as férias##

O medo da violência impulsiona os mercados relacionados à segurança. Quem não se sente protegido com vigias ou câmeras de vigilância pode recorrer ao aluguel de cães de guarda. Nas férias de verão, a procura por este tipo de serviço aumenta de 50% a 150%, segundo canis e centros de treinamentos especializados.

O valor do aluguel varia de acordo com a quantidade de dias que o morador vai utilizar o cão. "A gente fecha um pacote de acordo com a necessidade do cliente. O valor pode chegar a R$ 200 ou R$ 300 dependendo do animal locado", explica Eduardo Giorge de Souza, adestrador e um dos proprietários da Hymperium Centro de Treinamento de Cães, no bairro Utinga, em Santo André. A empresa tem cerca de 30 cachorros destinados ao aluguel e, de acordo com Souza, "a procura é bem maior nesta época do ano."
O Canil Salles, com filiais em toda a Grande São Paulo, registrou aumento de 150% na procura pelo aluguel de cães de guarda, segundo Adriano Salles, treinador e proprietário do canil. "O crescimento foi estrondoso. Penso que as pessoas pararam de acreditar nos humanos para fazer segurança. O cão não tem como ameaçar ou subornar", diz Salles.
Os cachorros mais usados neste tipo de serviço são o rottweiller, o pastor-alemão e o pastor-belga malinois - uma espécie de pastor menor e mais esguio. "São animais com grande potencial para o adestramento e para a guarda", afirma Souza.
Alimentado e limpo - Enquanto o animal estiver na casa do cliente, ele recebe visitas diárias de funcionários do canil, responsáveis pela alimentação do animal e limpeza do local. Antes de fechar acordo, a empresa visita o imóvel onde o cão vai ficar. "A gente não pode, por exemplo, colocar um animal em uma casa com muros ou portões baixos. Alguém entra por qualquer motivo (sem ser roubo) e pode ser pego por ele", explica Souza.
Cão é treinado para rejeitar comida
Um cão de grande porte e com cara de bravo pode ajudar a manter os ladrões afastados, mas não é garantia de sucesso na segurança de uma casa. Para isso, é necessário treinamento específico durante cerca de três meses.
Nesse período, o animal aprende, entre outras coisas, a rejeitar comida oferecida por estranhos para evitar o envenenamento. O treinamento também serve para o animal aprimorar o ataque e a mordida.
"Nosso método visa a imobilização do invasor. Por isso, o cão ataca o braço da pessoa. Enquanto ela se debater e tentar escapar, o cachorro não solta. Quando deixa o braço do invasor, o cão começa a
De acordo com Souza, quando o cliente opta por alugar um cão de guarda é feito também um treinamento específico na casa onde ele irá permanecer. "A gente mostra para o animal os pontos mais vulneráveis e de onde podem vir os ataques. Desta forma, ele se adapta melhor ao ambiente."
Quando o cão não conhece o dono do imóvel, é recomendável que a retirada do animal seja agendada com antecedência para que não ocorra nenhum acidente. Salles afirma que, em 26 anos no mercado, nunca teve problema de um cachorro atacar o cliente. "Perdi dois cães em um assalto. Acidentes em casas, nunca teve." O adestrador lembra que colocar o cão de guarda ajuda, mas não é garantia de que o imóvel está totalmente livre de assaltos. "Só o cão não resolve o problema. Ele minimiza. Eu costumo recomendar para as pessoas que, além do cão, tenham alarme e, se possível, seguro."
Serviço faz com que clientes adotem cachorros para criar
Após alugar um cão de guarda, alguns clientes acabam adquirindo seus próprios cachorros e os levam para receber treinamento.
É o caso da contadora Michele Viviane Santos, 30 anos. Para poder viajar tranquila ela alugou, por sete anos consecutivos, um cão para tomar conta da casa, no bairro São José, em São Caetano.
Há algum tempo, a segurança do imóvel está sendo feita, em tempo integral, pelo labrador Iron, 7 anos, e pela rottweiller Kiara, 4, que a contadora passou a criar. "O Iron já foi exigido três vezes. Atacou e não deixou a pessoa entrar. Fez a vigilância corretamente", avalia.
Moradora do Parque das Nações, em Santo André, Doroty Silva, 54, adotou a fila Laura depois de alugar cães de guarda desde 2005. "Alugamos a primeira vez porque entrou gente em casa."
Segundo ela, até os vizinhos aprovaram a presença do cachorro. "No começo, achava que o cão treinado ia avançar em todo mundo, mas depois vi que era bem diferente", afirma.