sábado, 15 de maio de 2010

## não pular no dono ##

Com a crescente onda de violência que assola nosso país, muitas pessoas compram cães de grande potência física, classificados como cães de guarda para se protegerem. O manuseio errado destes animais podem torna-los perigosos não só para a comunidade como também para os próprios donos.
Estatísticas A Mídia noticia freqüentemente casos de acidentes envolvendo cães que atacam e ferem gravemente pessoas, não raramente matando-as . Muitas vezes estes ataques acontecem dentro da própria casa onde mora o animal. Crianças e idosos são vítimas freqüentes. Nos Estados Unidos, estatísticas mostram que 60% dos acidentes envolvem crianças. Aqui em São José dos Campos os números são alarmantes : são oficialmente registrados mais de 300 casos por mês!, de fato este número tende a ser bem maior pois muitas pessoas não procuram atendimento médico nem relatam o ocorrido nos órgãos municipais responsáveis.
CausasEstes acidentes estão geralmente relacionados ao mau manuseio do animal pelo proprietário e/ou adestrador e em alguns casos a imprudência da vítima. Cabe ao proprietário ter a posse responsável do cão , socializando-o e adestrando-o de forma correta e responsável, procurando sempre pessoas idôneas e de boa capacidade técnica para tal. A escolha do filhote é também é muito importante. É um momento em que a razão deve prevalecer sobre a emoção. Deve-se sempre solicitar a orientação de uma pessoa com experiência e conhecimento suficiente para fazer a seleção.
Socialização e adestramentoDesde filhote o cão deve ter contato , dentro do possível , com outros cães, pessoas, ambiente externo à sua casa, enfim contato com o ambiente de vida humano de forma que os acontecimentos do cotidiano passe a ser natural para ele ( ver artigo sobre socialização). Todo o cão comprado para a guarda, seja pessoal ou de território, deve ser adestrado para obediência básica e , somente quando seu temperamento assim o permitir, ser treinado para fazer serviço de proteção. Ou seja, nem todos indivíduos de uma determinada raça usada como “ cão de guarda” servem para este fim. Quando se treina um cão sem o temperamento adequando para fazer serviço de proteção entra-se em um terreno muito perigoso onde o risco de acidente é eminente. É importante ter em mente que a avaliação dependerá do propósito e do tipo de proteção que se exigirá do cão. Por exemplo um cão que fará proteção pessoal terá características diferentes de um cão que fará guarda do quintal de uma casa, ou será usado em lugares onde não terá contado com pessoas. E nestes dois últimos casos, precisa-se saber se o cão servirá somente para dar “ alarme” ou se precisará agir quando alguém adentrar a residência ou nos lugares protegidos.
Hierarquia na famíliaUma vez adquirido o cão que conviverá com a família, deve-se desde o início estabelecer claramente as distinções hierárquicas. Os membros da família devem estar acima do cão na escala hierárquica, tomando especial cuidado com relação as crianças. Nestes casos as fêmeas tendem a ser menos dominantes e mais fácil de aceitar uma posição mais baixa na hierarquia, e freqüentemente não disputam lugares de dominância com o líder.
Crianças Deve-se prestar especial atenção a qualquer sinal de dominância do cão com relação a crianças. Alguns sinais típicos são por exemplo, o cão durante brincadeiras querer se posicionar sobre a criança adotando uma postura de dominância , rosnar impedindo-a de transitar ou acessar determinados locais , urinar em cima delas etc. Nestes casos , o cão deve ser imediatamente corrigido , de preferência pela própria criança ( caso de filhotes ou cães jovens) mostrando a ele seu lugar na hierarquia familiar. Uma outra pessoa pode tomar esta atitude de repreensão , mas não será tão eficaz pois o cão não apreende que a criança é hierarquicamente superior e pode repetir o comportamento quando estiver sozinho com ela . No caso de cães adultos demonstrando este comportamento de dominância , aconselha-se a evitar o contado com crianças pois o risco de acidente é potencialmente muito alto. De qualquer forma o mais aconselhavel é nunca deixar crianças sozinhas com cães sem a supervisão de um adulto.
Grupos de cães Outro aspecto importante é o número de cães a se ter em casa. Os cães são seres gregários e tendem a formar grupos ( matilhas) com hierarquias estabelecidas e, a depender do temperamento dos cães envolvidos, podem apresentar maiores problemas no trato, ficarem mais resistentes à correções e em caso de agressões , estas serem muito mais graves pois eles agem em grupo, causando danos muito maiores. Não é raro acontecer brigas entre eles e , na tentativa de controla-las, o proprietário pode ser ferido gravemente. Por isso não é aconselhável pessoas inexperientes possuírem vários “ cães de guarda” convivendo juntos pois o manuseio do grupo de cães tende a ser muito mais difícil. A mídia está repletas de casos de agressões provocadas por grupos de cães . Estas agressões muitas vezes não aconteceriam ou não teriam desfechos tão trágicos se envolvessem apenas um cão.
Como agir em situações de perigo Em muitas situações as mordidas de cães podem ser evitadas bastando ter em mente o que fazer. Alguns conselhos úteis:- Não tome liberdades com cães estranhos, mesmo com o consentimento do condutor. Ensine as crianças a fazerem o mesmo.- Se um cão estranho e potencialmente perigoso vier cheirar você, fique calmo e não se mova. Ele possivelmente irá embora. - Se um cão vier em sua direção com atitude ameaçadora não fuja a não ser que tenha certeza que atingirá um lugar seguro antes de ser alcançado pelo cão. Fique calmo e dentro do possível não demonstre medo, não grite ( se tiver que falar algo, fale calma e firmemente) e evite contato visual. Na maioria das vezes o cão mudará de atitude e irá embora. - Caso o pior aconteça e você seja mordido, procure não mexer o membro atingido, pois isto estimulará o cão a morder mais forte. Se você cair no chão, fique em posição fetal, protegendo sua face e nuca com as mãos.
Como agir após um acidente
Caso seja mordido ou arranhado por um cão :- Lave imediatamente o local com água em abundância e sabão. - Procure um centro de saúde ou pronto socorro mais próximo para que seja corretamente medicado e vacinado se for o caso.- Não abandonar o tratamento iniciado.- Não matar o animal .- Mantê-lo preso por 10 dias para observação.- Notifique o Centro de Controle de Zoonoses.
Sergio de Oliveira Diretor de adestramento da Sociedade Valeparaibana de Cães Pastores Alemães

## Cão de Vigilância de Patrimônio x Cão de Proteção Pessoal - Metas e mitos ##

Cão de Vigilância de Patrimônio x Cão de Proteção Pessoal - Metas e mitos
Desde que o homem começou a utilizar os cães para o trabalho, um dos principais empregos foi , e ainda é a proteção, seja de patrimônio ou pessoal. Devido aos sentidos mais aguçados dos cães, eles eram usados pelos homens primitivos para detectar e afugentar intrusos humanos e animais próximos aos acampamentos e aldeias.Hoje em dia, os homens continuam usando os animais para proteção de seus quintais e muitas vezes como proteção pessoal. Muitos não fazem a devida distinção entre estas duas categorias de cães e o treinamento usado em cada caso. Apresentamos aqui algumas características entre as duas categorias :
a) Cão de vigilância de patrimônio (VP): são cães usados na proteção de território, ficando freqüentemente soltos na área a ser guardada. Podem simplesmente indicar com latidos intrusos ou pessoas nas proximidades da área e, neste caso devem ser relativamente inseguros para estarem atentos todo o tempo e ladrarem a qualquer sinal da presença de estranhos. Funcionam como verdadeiros alarmes vivos. Podemos chamar de defesa passiva do patrimônio, pois na maioria das vezes não precisam entrar em ação. Quanto a defesa ativa do território, ou seja uma confrontação direta com um eventual intruso , dependerá de inúmeros fatores além do treinamento. Podem ser listados alguns abaixo:- Dominância territorial do cão. Quanto mais dominante territorialmente, mais agressivo o cão se portará numa eventual invasão.- Nível de autoconfiança do cão. Quanto maior o relativo grau autoconfiança, mais eficaz será a defesa ativa do território, por outro lado a indicação passiva tenderá a ser menos eficiente. - Comportamento do(s) intruso(s). Quanto mais autoconfiança o intruso mostrar, mais difícil ficará a ação do cão. - Relação nº de cães/nºde intrusos: Quanto maior esta relação maior a eficiência na defesa ativa. - Quantidade de cães que estejam protegendo o território. Obviamente um número maior de cães ajudando-se mutuamente será mais eficaz. Os cães também podem ser usados em conjunto com homens para a proteção de territórios fazendo patrulhas ou coisa semelhante. Neste caso estariam atuando mais como proteção pessoal. Quando se trata de uso de cães para vigilância de patrimônios valiosos, é necessário entender que animais deixados sozinhos em uma determinada área terão eficiência inversamente proporcional a determinação do potencial intruso. Isto quer dizer que se o intruso for realmente determinado nem os melhores e mais bem preparados cães conseguirão impedi-lo pois existem diversas armas e artifícios que podem ser usados para neutralizar os cães. Para uma eficácia maior os cães devem ser usados juntamente com outros métodos de proteção tais como vigias armados, alarmes etc. A maioria dos usuários no entanto são pessoas comuns que usam o cão para proteger seu quintal e não tem um patrimônio tal que justifique o risco do meliante. Neste caso o uso do cão pode ser eficaz, unicamente porque a relação custo-benefício é desfavorável ao potencial intruso. Normalmente nestes casos um cão de alarme com um porte razoável é suficiente para desestimular um invasor.
b) Cão de proteção pessoal (PP): enquanto a eficiência do cão de VP está fundamentalmente ligada a imagem, no cão de PP a imagem é importante, mas sua eficiência em ação é o que mais importa. Enquanto o cão de VP trabalha muitas vezes sozinho, na proteção pessoal existe a cumplicidade homem-cão.Características fundamentais que devem existir em um cão de PP são auto confiança, sociabilidade, espírito de equipe, nervos firmes, bons impulsos de caça e defesa e rapidez de reflexos. O trabalho deste cão exige intenso convívio com humanos, pois deve acompanhar seu condutor aos mais diversos lugares, transitando tranqüilamente no meio de pessoas. Deve tolerar o contato com estranhos e mesmo eventuais abusos de crianças. No entanto, este animal deve ser implacável quando acionado, suportando qualquer tipo de pressão e castigo vindos do oponente. Este equilíbrio procurado vem, em parte do lado genético e em parte do manuseio. O tipo de cão ideal não é fácil de ser encontrado e seu treinamento exige muito apuro técnico para se obter um bom resultado. O cão de PP protege seu condutor e não a si mesmo. O que está em jogo neste caso não é o patrimônio , muitas vezes a vida do condutor dependerá do cão que esta a seu lado e vice versa. Por isto é muito importante o condutor ter total controle do cão, pois existem momentos em a melhor atitude é não agir e esta decisão cabe ao condutor. Portanto, para qualquer trabalho eficiente de um time homem-cão (seja ele qual for) é necessário respeito e confiança recíproca que só é adquirido com o convívio e competência do condutor .
c) Metas e Mitos: Com base nos comentários anteriores gostaríamos de deixar claro a distinção entre estes dois tipos de cães e seus trabalhos. Existe uma enorme confusão entre características e treinamento de ambos, bem como certos mitos criados pela crença popular. Para que a chance de decepção por parte do proprietário seja pequena, é necessário o emprego do cão certo na função certa e saber o que esperar de cada um deles. Por exemplo: não se deve esperar que um cão de alarme vá enfrentar corpo a corpo com ímpeto guerreiro um intruso seguro e experiente apenas porque ele mostra uma "braveza descomunal" quando passa alguém na frente de sua casa. Este é um comportamento de defesa exagerado e a fuga pode estar próxima. . Mesmo assim ele estará efetuando com eficiência o trabalho que se espera dele, ou seja , dar alarme e afugentar os menos impetuosos. Da mesma forma um cão de características de PP terá uma boa chance de decepcionar quando colocado para vigiar um quintal. Entretanto, um animal destas características e forte senso de território , quando bem treinado, poderá efetuar um bom trabalho na defesa ativa do território, porém não será dos melhores para dar alarme. Outro entendimento incorreto bastante comum é o de que um cão de PP tem que ser agressivo indiscriminadamente e pouco social. Espera-se, como foi visto anteriormente, exatamente o contrário. E, indo ainda mais longe, pode-se dizer que os cães mais efetivos de PP são geralmente os mais afáveis. Não dizem os especialistas em artes marciais que os mais valentes guerreiros no campo de batalha são, no dia a dia, os mais tranqüilos e tolerantes?
Sergio de OliveiraPresidente da Sociedade Valeparaibana Cães Pastores Alemães

## USO DE FOCINHEIRA PARA CÃES - QUEBRANDO PRECONCEITOS ##

USO DE FOCINHEIRA PARA CÃES - QUEBRANDO PRECONCEITOS
Recentemente , em Curitiba, uma lei municipal criou muita polêmica ao obrigar cães de raças consideradas perigosas ou com o peso acima de 20 quilos a usar focinheira. Os meios de comunicação noticiaram a indignação dos proprietários. A maioria esmagadora fazia comentários do tipo: é uma agressão ao animal, o cão sufoca com o uso da focinheira , meu cão detesta usar tal artefato, o uso deixa o animal muito feio e com aparência agressiva, etc.Sem entrar no mérito da Lei, é importante no momento atual tecer alguns comentários sobre o uso da focinheira, desmistificar e mudar certos conceitos.
Vantagens:
O uso da focinheira adequada não fere o animal, permite ao mesmo respirar normalmente, abrir a boca, latir e até beber água. Isto tudo de forma a não se tornar um fardo incômodo ao cão, pelo menos não mais do que uma coleira ou um enforcador. Tal equipamento traz inúmeras vantagens tais como:
- Poder soltar o cão em lugares públicos sem o perigo de acidente, o que é extremamente útil para o processo de socialização do animal e seguro para as outras pessoas.- Dar liberdade ao animal juntamente com outros que também usam focinheira sem o perigo de ferimentos em eventuais brigas, o que também colabora na socialização e é bastante benéfico para ele.- Evitar , em determinadas situações, que o cão coma algo que o contamine ou intoxique.- Evitar que o cão passe a língua em ferimentos expostos, em momentos quando não seja possível usar a conhecida “gola de plástico” veterinária.- Permitir que o veterinário ou outra pessoa manuseie um animal ferido de forma segura e sem o transtorno e o incômodo da mordaça.
Tipos de focinheira: É fácil de entender a reação das pessoas frente à focinheira pois a maioria só conhece aquela que se assemelha a uma mordaça. Feitas para manter a boca fechada, estas realmente incomodam pois impedem o cão de abrir a boca, latir, etc. Existe no entanto um tipo de focinheira que não apresenta os problemas acima. Muito usada no exterior, principalmente pela polícia, é um equipamento confortável , como podemos ver, por exemplo , nos modelos das figura 1 e 2.
Fig1. Focinheira de aço inoxidável. Bem ventilada, permite ao cão abrir a boca, latir, beber água etc.
Fig2. Focinheira muito usada na Europa, trançada em couro, permite os mesmos movimentos da focinheira da fig.1.
Adaptação:
O uso correto da focinheira passa necessariamente por um período de adaptação, onde esta é introduzida aos poucos e sempre associada a atividades que o animal gosta. No início o equipamento deve ser usado por poucos minutos e sempre quando o cão for sair de casa, do canil ou quando for ter liberdade, num bosque por exemplo. Desta forma a focinheira estará sempre associada a sensações boas, criando condições para que não haja problemas de rejeição. O mais importante é, no período de adaptação, nunca associar a focinheira a situações estressantes. Com o passar do tempo o equipamento poderá ser usado por longos períodos, em qualquer situação, absolutamente sem nenhum problema.Salvo algumas exceções, animais de qualquer idade podem ser adaptados à focinheira para uso nas situações cotidianas; obviamente quanto mais cedo ela for introduzida mais rápido e tranqüilo será o processo de adaptação.
Conclusão:
Existe muito preconceito associado ao uso da focinheira. Como foi visto, este é um artefato bastante útil no manuseio do cão. Sendo necessário, no entanto, ter o material correto e saber utilizá-lo. Com cuidados simples como os expostos acima o proprietário do cão terá à sua disposição um equipamento que poderá auxiliá-lo nas mais diversas situações onde se exija segurança, tanto do cão como dele próprio ou de outras pessoas
.
Autor: Sergio de Oliveira - Presidente da SVCPA