segunda-feira, 30 de novembro de 2009

##AS MOTIVAÇÕES QUE LEVAM UM CÃO A ENTRAR EM LUTAS COM OUTROS CÃES##

Lutas territoriais:

A definição do território é a principal razão para as lutas entre cães e conduz basicamente à tentativa do cão fazer valer uma posição de superioridade na hierarquia canina. Embora este comportamento agressivo também ocorra entre fêmeas, é entre machos adultos ou a aproximarem-se da maturidade, que ele assume proporções consideráveis.

Quando não existe intenção de lutar, os cães emitem avisos entre si (tais como rosnar); é o procedimento normal das fêmeas perante machos.

Uma ocasião que pode originar este tipo de disputa hierárquica na definição dos territórios consiste na situação em que existe mais do que um cão na mesma casa e, aí, o dono deve estabelecer uma liderança forte sobre todos os cães através de procedimentos dominantes que não criem confrontos directos; isto porque a liderança do dono é fulcral para a existência de uma hierarquia social estável.

O dono deve igualmente desencorajar qualquer comportamento agressivo entre os cães de tal modo que este não seja interiorizado como algo positivo.

Cabe assim ao dono identificar todas as fontes de conflito e competição e adaptar a estes a sua estratégia de controlo sobre comportamentos agressivos.

Nesta situação, podem acontecer duas coisas:

1. Disputa Hierárquica: se existir uma alteração motivada pela alteração do status de algum cão ou porque enfraqueceu; ou porque envelheceu; ou porque surge um novo cão no grupo social ou reencontra o seu grupo social após um período de ausência; ou porque um cão mais novo, com o desejo de ascender a um nível mais elevado na pirâmide hierárquica e acabou de atingir a maturidade (18 meses a 3 anos de idade), começando a desafiar o titular de líder.
Em todo o caso estas disputas não originam normalmente qualquer perigo de vida e daqui emergirá uma nova hierarquia que será respeitada por todos os cães; é preciso sublinhar que os donos não devem intervir neste processo que poderá demorar algumas semanas.

2. Agressões conjuntas: mais comuns; surgem quando o dono interfere na definição de uma hierarquia social estável através da protecção contínua do cão submisso enquanto castiga o cão dominante. Esta intervenção do dono enfraquece a posição do cão dominante e por sua vez eleva o status do cão submisso criando desta forma uma inversão de papéis no seio da pirâmide hierárquica.
A protecção de um cão em detrimento de outro / outros conferindo-lhe deste modo um status dominante, deve ter em conta factores como o comportamento, idade, saúde e temperamento dos animais.

Tendo em conta este factores a decisão será tomada por forma a que o cão predominante tenha acesso privilegiado a todos os recursos. Contudo, adoptar um cão cujo temperamento seja compatível com a personalidade do seu outro cão é extremamente importante no sentido em que previne eventuais problemas.

Neste sentido é de ter em conta a pré – disposição genética de alguns cães para desenvolverem um comportamento dominante. Assim é de todo o interesse informar-se acerca da cria que pretende adquirir. Note-se que é muitas vezes mais fácil introduzir um cão do sexo oposto.

Nestas situações o dono deve, o quanto antes, estabelecer o seu próprio papel de líder. O treino de obediência, socialização primária, estilos de liderança, reduzirá o conflito entre os cães e promoverão uma integração social positiva.

É de notar que esta atitude por parte do dono perpetua e exacerba a competição entre os cães. O tipo de agressões ocorridas assumem, neste contexto, maior perigo e persistindo temporalmente, podem resultar no ferimento grave de um ou ambos os cães. Contudo, constata-se que este comportamento agressivo mútuo só ocorre na presença do dono sendo que na sua ausência os cães coabitam pacificamente.

É da salientar que este tipo de atitudes podem variar, embora a maioria das situações de agressão registadas nestas circunstâncias se enquadram nestas categorias.

Contudo, apesar dos cães normalmente definirem a sua hierarquia sem terem que recorrer ao combate físico propriamente dito, os donos devem estar conscientes perante determinados comportamentos que evidenciem um confronto; é o caso da postura erecta; encosto da cabeça ao dorso de outro animal; contacto visual directo.

O dono dever ter em conta que nesta altura as correcções verbais podem ser bastante eficazes como medida de prevenção. Se este comportamento persistir, o dono deve manter-se vigilante acerca da eminência de uma luta. Lembre-se também que se os cães aprenderam a lutar poder-se-á criar um padrão de comportamento que poderá exigir um esforço imenso para ser corrigido.

A agressão contra presas:

A agressão contra presas reveste uma forma muitas vezes mal compreendida tanto pelos donos como pelos especialistas em treino de obediência. Não constitui propriamente um episódio de luta mas sim um impulso psicológico inerente a alguns cães para perseguir, capturar e imobilizar a presa.

É usual verificar-se este comportamento em cães de médio e grande porte que demonstram uma certa fascinação por cães mais pequenos e portanto mais frágeis. Normalmente, a situação começa quando um cão de porte médio ou grande tenta brincar com um cão mais pequeno de um modo algo brusco. Muitas vezes crê-se que esse será o comportamento normal do cão maior uma vez que tem muito mais força que o outro mas se o cão mais pequeno demonstrar receio, o cão maior poderá sentir-se estimulado e reagir ainda mais bruscamente. Neste momento o cão maior deve ser controlado ou a situação poderá tornar-se incontrolável.

Infelizmente alguns cães apresentam disfunções ao nível social que os inibem de integrar um grupo social canino. Nomeadamente os cães que não tiveram oportunidade de experimentar um contacto social apropriado com outros cães durante o período de desenvolvimento social, podem nunca vir a dar-se bem com outros cães.

Nestes casos é recomendado um exame médico de forma a detectar alguma restrição médica subjacente que possa contribuir para o comportamento agressivo do cão. Se não existir qualquer problema, um especialista em comportamento animal poderá fornecer um diagnóstico da situação e o tratamento adequado.

O treino apresenta-se como uma alternativa para diminuir a agressividade entre cães desde que alguma dessa agressividade tenha origem hormonal.

Em outros casos, a terapia farmacológica poderá facilitar a reintrodução de cães agressivos. Drogas de redução da ansiedade e anti-depressivos constituem a medicação a considerar, mediante acompanhamento médico.

Treinar os cães para usarem açaimes e trela contribuirá igualmente para aumentar o nível de controlo do dono e a segurança de ambos na eminência de uma luta canina.

O quotidiano enriquecido com exercício aeróbico diário, uma dieta natural e sessões de treino de obediência regulares são fortemente recomendados.

Mas se o seu cão entrar de facto numa luta, tente manter-se calmo e use da sua força para a acabar. Contudo, faça-o com cuidado pois poderá magoar-se. Evite reagir histericamente ou gritar pois isso será como atirar mais uma acha à fogueira.

A maioria das lutas entre cães surge entre animais cujos donos não tencionam de modo algum envolver numa luta. Cuidado porque, em última análise, é sempre o dono quem acarreta com a responsabilidade pelos actos do seu cão.

Sendo sem dúvida o cão um companheiro fantástico, há também que perceber que os processos cognitivos do cão são bastante diferentes dos nossos e por esta razão deve tentar compreender o cão como o que realmente é.

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