Atenção redobrada na hora de escolher e criar cães ferozes
Em um intervalo de três dias, dois ataques de pit bulls e rottweiler foram notícia em Pernambuco. Além de alimentar as polêmicas sobre a responsabilidade dos proprietários e a agressividade dos animais, os acidentes reforçaram a necessidade de cuidado no trato com os cachorros. Especialmente, se eles tiverem força e capacidade de mordida fatais como as raças envolvidas. O primeiro caso tirou a vida de Janiele Maria da Costa, 16 anos, atacada por cães (um casal de pit bull e rottweiler e possivelmente pelos dois filhotes) em Goiana, Zona da Mata Norte. Nesse caso, os animais não eram seus e sim do dono do engenho onde a jovem morava. O segundo ataque aconteceu na noite de quarta-feira e, dessa vez, o próprio guardião foi vítima do pit bull que criava há mais de 10 anos. Apesar de profundas, as lesões do comerciante André Luiz Oliveira não foram tão graves e ele se recupera bem no Hospital da Restauração (HR). André Luiz foi mordido pelo pit bull depois que chegou em casa e começou a brincar com o cão. A irmã dele contou que as brincadeiras costumavam ser pesadas e o cachorro nem sempre aceitava bem. O costume é condenado por adestradores e veterinários por estimular a agressividade de raças já ferozes ou mesmo das mais carinhosas. "Os cães devem ser sociabilizados para que desenvolvam um comportamento dócil e nunca estimulados à agressividade. O principal erro é cruzar o pit bull com outras raças agressivas ou querer que seja um cão de guarda", destacou a adestradora Renata Mendes, que atua na área desde 1997. Ela contou que tem um pit bull, mas admite que a raça não é recomendada para qualquer pessoa. "Se a pessoa não tiver tempo nenhum, é melhor não ter cão. Mas se tiver um pouco de tempo, não deve ter pit bull. A raça requer mais atenção e pulso, precisa de muito carinho", disse Renata. Segundo ela, o rottweiler é mais indicado para guarda, assim como o doberman, pastor alemão e fila brasileiro de índole dócil. A veterinária especialista em comportamento animale professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Roseana Diniz, ressaltou que a agressividade é inerente a todas as raças, surgindo pela defesa natural do alimento, dos filhotes e do espaço. "A forma como são criados e a mistura com que são gerados é o que determinará como essa agressividade será exibida", destacou a professora, ressaltando que não existe raça ideal e sim guardião ideal (dono).Entre as diferenças entre o pit bull e o rottweiler ela destacou como principal a força do pit bull e resistência a dor. "A mordida de um pit bull pode ter até uma tonelada e ele é mais entusiasmado em tudo. Então, se for estimulado a atacar, será mais grave", disse Roseana. No entanto, ela destaca que a raça pode ser dócil com crianças e bastante fiéis ao guardião desde que recebam o tratamento adequado, como uma socialização desde cedo com outros animais e humanos. Nos primeiros indícios de agressividade, é necessária a ajuda de um adestrador, principalmente se houver crianças em casa.O delegado Salustiano Cavalcanti continuou ontem as investigações sobre a morte em Goiana. Ele passou quase todo o dia na região onde ocorreu o ataque, nas proximidades do Engenho Calugy. Valmir Tavares, proprietário do imóvel e dos animais assumiu a responsabilidade pelos cães durante o depoimento. Mas garantiu ter trancado o canil na noite do domingo. O delegado continua as investigações para averiguar como eles estavam soltos na segunda-feira pela manhã. Caso não haja uma reviravolta no caso, o proprietário do engenho poderá ser indiciado por homicídio culposo (sem a intenção).Características dos cãesPit bullOrigem: criado para briga entre animais (rinha) com a mistura de raças agressivasPerfil: temperamento agressivo e, por isso, deve ter sua sociabilidade e docilidade estimuladas. Bastante fiel ao guardião Função: não deve ser criado para guarda pois não tem capacidade de discernimento, sendo muito intenso nos ataquesRottweilerOrigem: criado para cuidar do gado em parceria com os humanosPerfil: temperamento territorial, alerta e carinhoso com a família de guardiõesFunção: pode ser cão de guarda pois tem discernimento e espera um sinal ou algo que provoque o ataque, também se relaciona bem com os humanosDobermanOrigem: criado especificamente para cuidar do territórioPerfil: apresenta comportamento atento, é ágil e bem dispostoFunção: excelente cão de guarda pois atua bem no patrulhamento, avisando que alguém chegou e distingue visitantes de intrusos
Fonte: Diario de Pernambuco
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