terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
## A NUTRIÇÃO DOS CÃES NAS DIVERSAS FASES DA VIDA##
Os cães há séculos vem acompanhando a espécie humana em seu desenvolvimento, ligado por laços afetivos, como leais companheiros ou até mesmo como fonte de renda. Contudo, apesar dos longos anos de convivência, o ser humano ainda encontra dificuldades em fornecer os cuidados mínimos necessários a seus animais. Os cães constituem entre as espécies animais aquela que maior variação apresenta em seu peso adulto, variando desde as raças miniaturas até as raças gigantes.A nutrição é a ciência que estuda as necessidades diárias de todos os nutrientes (proteínas, gordura, carboidratos, vitaminas, minerais e água) sendo que os requerimentos nutricionais variam conforme a idade, o estado físico e o modo de vida do animal. O objetivo é fornecer uma dieta balanceada para uma necessidade fisiológica específica e individual para cada estágio da vida e a melhora do desempenho animal. Uma nutrição adequada é um fator determinante para um correto desenvolvimento do filhote e propicia condições para uma excelente saúde geral e desempenho futuro. Uma nutrição inadequada, excesso ou deficiência de nutrientes pode resultar em alterações fisiológicas, predispondo o organismo animal a sérios problemas, como o mau desenvolvimento corporal e má constituição óssea, obesidade e alterações reprodutivas. Métodos alimentares:Há três métodos de alimentação: livre escolha, alimentação de tempo controlado, e a alimentação com rações controladas. A livre escolha é quando há mais alimento do que o animal consome e sempre disponível, onde se limpa o prato do animal todo dia e renova-se o alimento. A alimentação de tempo controlado fornece ao animal mais alimento do que ele consome dentro de um período de tempo, geralmente entre 5-30 minutos e depois se retira. A alimentação com ração controlada administra-se ao animal uma quantidade específica de alimento, porém inferior a quantia que o cão comeria se o alimento não fosse restrito. Ambas alimentações são administradas uma ou mais vezes por dia.O método de livre escolha apresenta algumas vantagens como: causa um efeito de tranqüilidade ao ambiente, desestimula a coprofagia, e diminui a agressividade entre os animais. Mas também apresenta desvantagens: o cão com anorexia não é diagnosticado, principalmente quando possui mais de um cachorro, outro problema é que o cão pode vir a ficar obeso. Esse método pode ser variado entre os cães, pois alguns comem em pequenas refeições várias vezes ao dia, enquanto outros comem uma grande refeição uma vez ao dia. Recomenda-se que seja utilizada em filhotes que já alcançaram 90% de peso adulto, prevenindo doenças esqueléticas.A alimentação com refeições controladas é o melhor método, pois permite ao criador um alto grau de controle sobre a dieta do animal. Esse método permite que o proprietário acompanhe o consumo alimentar do animal e observe qualquer alteração na ingestão ou comportamento alimentar. A desvantagem é que requer mais tempo e conhecimentos do criador, normalmente esse problema ocorre quando há um grande número de animais. Animais alimentados somente durante a noite suplicam alimento o dia todo e são inquietos, e os que são alimentados durante a manhã suplicam janta e choram durante a noite, portanto para minimizar esses problemas o melhor é uma alimentação pela manhã e uma pela noite que também previne a dilatação gástrica aguda e vólvulos e torções.Evitar aperitivos e restos, o excesso desses alimentos resulta em dieta inadequada, desbalanceada, e obesidade. Evitar doces, ossos pequenos, ossos de galinha, pois podem acomodar-se na boca ou no trato gastrintestinal, e quebrar os dentes. A dieta apropriada é rica em fibras, pois aumenta a quantidade gastrintestinal e diminui a densidade calórica tendo como desvantagem a quantidade de fezes produzidas em maior quantidade, mas é vantagem no tratamento da coprofagia. Os carboidratos fornecem energia. E os principais minerais são o cálcio e o fósforo que são úteis nas ossificações e formação de dentes. A deficiência de nutrientes é comum em cães alimentados com dietas pobres, inadequadas ou caseiras.Tipos de rações:Existem vários tipos de alimentos comerciais como: seca, semi-úmida, e úmida. A ração enlatada (úmida) é rica em calorias e gorduras, usualmente 80-83% de água, portanto é uma ração desbalanceada. A ração semi-úmida tem 55% água e alto nível de sal e açúcar para a preservação. E a ração seca tem somente 9-11% água apresenta a mesma qualidade de ingredientes que os outros tipos, mais econômica, fáceis de usar e armazenar, mais barata, palatável, menos odor e muito melhor para o cão porque os animais que se alimentam de ração seca apresentam menos desarranjo intestinal, diarréia ou constipação, menos problemas com ganho de peso e ajuda no controle de placas dentárias. É importante administrar água fresca, para reidratar a digestão estomacal, principalmente de animais que comem ração seca. As rações comerciais são formuladas para conter a quantidade adequada de nutrientes quando proporciona ao animal uma quantidade de alimento adequada as suas exigências nutricionais, portanto quando os proprietários optam pela comida caseira, deve-se ter a preocupação de assegurar que a dieta seja completa e equilibrada e que seu teor nutricional e ingredientes sejam sempre os mesmos.A cadela lactante:A fêmea lactante deve receber todos os nutrientes na sua dieta, pois o leite é a principal fonte alimentar para os filhotes após o nascimento. Recomenda-se fornecer um alimento de qualidade, incluindo altíssima palatabilidade para estimular a alimentação, alta digestibilidade para reduzir o volume e alto teor energético, sendo administrado através de várias pequenas refeições diárias, proporcionando condições para a produção de leite suficiente, atendendo a demanda dos filhotes nas primeiras três semanas de idade.Durante a lactação há um aumento da necessidade energética e de outros nutrientes, portanto, recomenda-se um alimento extra e de boa qualidade durante esse estágio da vida. O carboidrato é um componente indispensável. Há alguns cuidados que devem ser seguidos durante a amamentação como: oferecer uma dieta altamente digestível e rica em nutrientes, fornecer a quantidade adequada de calorias para prevenir uma excessiva perda de peso, administrar de duas a três vezes a quantidade de alimento necessária à manutenção durante a lactação, no auge da amamentação optar pela dieta de livre escolha e dar pequenas quantidades de alimentos várias vezes ao dia, água limpa e fresca sempre a disposição, e após há quarta semana reduzir lentamente a quantidade de comida oferecida à cadela.O conteúdo de lactose do leite de vaca é quase três vezes maior que o da cadela. E o leite da vaca contém 15% a menos de proteína do que o da cadela. O leite da cadela possui alto teor de gordura e proteína, sendo assim o seu valor energético é duas vezes maior. Portanto, se filhotes são alimentados com o leite da vaca, podem desenvolver um quadro de diarréia devido à intolerância à lactose.A nutrição do filhote na amamentação:Nas primeiras 12 horas de vida, o filhote recebe o colostro, este fornece nutrientes, água, fonte de crescimento, enzimas digestivas e imunoglobulinas materna, importantes para o crescimento e desenvolvimento fetal. Nas -3 primeiras semanas de vida, o filhote é amamentado, recebendo somente o leite materno, e apresenta 10% ganho de peso por dia. Se a amamentação não é adequada, o neonato apresenta choro constante, preguiça e perda de ganho de peso.O leite materno melhora a absorção de nutrientes, controla o crescimento e desenvolvimento neonatal, e auxilia na colonização de epitélios com bactérias benéficas. A amamentação máxima do filhote, ou seja, quando ele mais mama ocorre por volta da terceira ou quarta semana após o parto e segue-se a introdução de uma dieta sólida ou semi-sólida para os filhotes. Após há quarta semana, a quantidade de leite consumida pelos filhotes diminuí e aumenta gradualmente a ingestão de alimentos sólidos. Portanto a alimentação recomendada ao filhote é a de livre escolha, pois o alimento fica disponível ao filhote e encorajá-o a consumir alimento sólido mais cedo. Se optar por refeições realizar no mínimo três refeições diárias. Caso a amamentação não seja eficaz, é necessário alimentar os filhotes com um substituto de leite, podem ser feitos em casa, ou vendidos comercialmente. Utiliza-se de 3 a 4 refeições diárias, o leite deve ser aquecido a 37,8ºC. Administrado na mamadeira, seringa ou tubo alimentar. A nutrição no desmame:O desmame deve ocorrer por volta de seis semanas de idade. O desmame precoce ou separação prévia da mãe, pode levar a má nutrição ou inúmeros problemas comportamentais mais tarde, portanto recomenda-se o desmame completo quando o filhote estiver com no mínimo 6 semanas e o contato com humanos já tenha sido estabelecido. Caso a ninhada apresente um crescimento lento, recomenda-se o uso do substituto de leite. Essa mudança deve ser gradual.A nutrição no desmame é realizado da seguinte maneira: um mingau grosso, ou seja, uma mistura feita com comida seca misturado com três partes de água ou duas partes de comida enlatada com uma parte de água. O mingau é colocado em um prato raso ou força-se à alimentação usando uma seringa. O filhote é encorajado a lamber, ou o alimentador coloca o dedo no mingau e depois dentro da boca do filhote. Assim que o animal esta comendo o mingau, gradualmente reduz a água, até que esta seja totalmente eliminada. E introduz o alimento seco com seis semanas de idade.No desmame recomenda-se vários refeições diárias. Em cada alimentação o filhote recebe 15-20 minutos para alimentar-se e então se remove a comida. Após os seis meses para raças pequenas e médias e nove meses para raças grandes e gigantes o ideal é duas refeições diárias em horários regulares. O desafio da alimentação de crescimento dos filhotes é fornecer energia adequada e nutrientes essenciais e evitar a taxa de crescimento rápido. Uma alimentação de crescimento apropriada fornece nutrientes adequados e energia em volumes que podem ser facilmente consumidos pelo filhote. Suplementação com carne, restos de refeições ou outros itens não é recomendado, porque provavelmente causam uma nutrição deficiente ou excesso, ou ambos. É importante que um bom alimento formulado com boa qualidade para filhotes seja administrado diariamente com intervalos regulares e que tenha água fresca e limpa na tigela todo o tempo.Cuidados nutricionais dos filhotes em crescimento:O crescimento do filhote inclui manutenção necessária similar ao adulto, energia e substratos necessários para o crescimento tecidual rápido. Caso a taxa de crescimento seja lenta há uma deficiência nutricional. Na fase do crescimento o veterinário deve avaliar o animal, peso corpóreo, condição corporal, a dieta, e o método alimentar.O objetivo da alimentação é atender ao crescimento complexo, a interação entre nutrientes, genótipo, meio ambiente, hormônios e receptores, portanto é necessário administrar uma dieta adequada. Há alguns objetivos a serem seguidos, como: a dieta deve conter uma correta quantia e equilíbrio de nutrientes de modo que suporte todas as funções corpóreas normais, ser palatável e digestível para encorajar o consumo adequado, a alimentação deve permitir o desenvolvimento normal do filhote, a sua atividade e a sua saúde, o crescimento deve ser alcançado em uma taxa que permita que o filhote manifeste o seu potencial genético, sendo assim os ossos longo são capazes de crescer longitudinalmente antes do fechamento dos discos epifisários.Alimento de alta digestibilidade há maximização do uso de nutrientes consumidos. O alimento digestível e com boa densidade energética é essencial para o crescimento animal, pois os cães em crescimento necessitam de mais nutrientes, pois possuem uma capacidade digestiva menor, boca menor, dentes menores e consomem menores quantidades de alimentos.Um sinal importante de saúde do filhote é o adequado ganho de peso corporal. As dietas comerciais são ideais e devem ser administradas até que o filhote alcance 75% do peso adulto. Os alimentos de difícil mastigação mantêm o filhote entretido e melhora a saúde dos dentes, exercita a gengiva e limpa os dentes. Sugere fornecer água a vontade, porque o animal não pode perder mais do que 15% de sua água corpórea. Este é o nutriente mais importante. Recomendam-se duas refeições diárias, permitindo que o filhote alimente-se aproximadamente por 20 minutos para comer a quantidade desejada. A suplementação com carnes, restos, ou quaisquer outros itens podem gerar um desequilíbrio nutricional ou até mesmo uma alimentação seletiva, ou seja, o animal pode apresentar alguma restrição nutricional. Os filhotes em crescimento requerem duas vezes mais energia por unidade de peso corpóreo do que os cães adultos. Os cães requerem energia para o crescimento rápido, termoregulação e manutenção.Cuidados nutricionais dos órfãos:A morte da mãe após nascimento dos filhotes, fêmeas doentes, ou que abandonam a cria, instintos maternos pouco desenvolvidos, filhotes grandes, são as causas de filhotes órfãos. Há duas possibilidades para cuidar do filhote, a primeira é a substituição da mãe ausente por outra em estágio de lactação apropriado, esfregando os recém-nascidos com um pano com o cheiro da mãe adotiva e da secreção de seus filhotes, se isso não for eficiente o proprietário deve substituir as funções da mãe como: nutrição, manutenção da temperatura corpórea, e estímulos que garantam a realização das funções vitais dos recém-nascidos.A alimentação pode ser de forma artificial, através do fornecimento de leite com formulação preestabelecida. As fórmulas comercialmente preparadas são preferidas para a alimentação de filhotes órfãos, mas as fórmulas caseiras também podem ser utilizadas. Os filhotes órfãos devem ser alimentados 4 vezes por dia, com a fórmula quente e sempre com o material limpo. Depois de alimentados o abdome fica dilatado, o alimento é suficiente quando satisfaz o apetite do órfão.Para a alimentação utiliza-se colher, conta gotas esses são mais prováveis de resultarem em pneumonia aspirativa, melhor recomendado mamadeira ou tubo alimentar. Nas primeiras semanas de vida, após alimentação deve-se fazer o animal soluçar, lavar a área genital com água quente e algodão úmido para estimular micção e defecação.A alimentação do filhote órfão é mais utilizado o tubo alimentar, utiliza-se um tubo infantil número 5 para filhotes pesando menos do que 300g e o número 8-10 acima de 300g. O comprimento do tubo vai da narina até a última costela do animal. A boca do animal é aberta levemente, com a cabeça do animal na posição de amamentação, introduz o tubo alimentar, caso sinta uma obstrução ou tosse significa que o tubo está na traquéia, e se continuar a injetar o alimento, o animal apresenta pneumonia aspirativa ou se sufoca. Se isso não ocorrer, o tubo está no, local certo, portanto lentamente administra-se o leite por um período de 2 minutos para permitir o enchimento lento do estômago. O tubo é retrocedido após administração de metade da refeição, o animal arrota e insira novamente o tubo e o resto da refeição, então o animal arrota novamente, estimula micção e defecação, e o abdome fica redondo e cheio. Se ocorrer regurgitação do leite, o tubo é retirado, interrompe-se a alimentação até a próxima refeição. Alimentação exagerada é uma causa comum de diarréia em cães órfãos.Quando o filhote órfão estiver entre três e quatro semanas de idade introduz a alimentação sólida, e água sempre à vontade, permitindo que o animal acostume-se a mastigar e deglutir alimento sólido possibilitando que seu conduto gastrintestinal adapte-se ao novo alimento, e com seis ou sete semanas de idade o filhote só consome alimento seco normal para cães. A partir da terceira semana deve-se oferecer alimentos enlatados de boa qualidade sozinhos ou associados com o substituto do leite. O desmame não deve ocorrer até os filhotes atingirem 6 semanas de idade. Alguns cuidados devem ser seguidos para a alimentação do filhote órfão como: proporcionar um ambiente cálido e limpo, ao abrigo das correntes de armazenamento, alimentá-los com um substituto do leite e estimar a quantidade correta de preparado, baseando-se no peso e idade do animal, dividir a alimentação em quatro ou cinco refeições diárias. Alimentação com mamadeira ou sonda e pesar os órfãos regularmente, uma vez por dia, na primeira semana e duas a três vezes por semana nas seguintes, começar com o alimento semi-sólido as três ou quatro semanas de idade, mudar para alimento seco para animais às seis semanas de idade.
Autor: Roberta Todisco Genaro robertagenaro@terra.com.br
Autor: Roberta Todisco Genaro robertagenaro@terra.com.br
### DISPLASIA COXOFEMURAL ###
A displasia é uma má formação nas articulações coxofemurais (ligação entre a bacia e os membros traseiros). Incide em todas as raças, mas principalmente em raças grandes e naquelas de crescimento rápido . Atinge igualmente machos e fêmeas e pode comprometer uma ou ambas articulações (normalmente atinge as duas).A displasia é transmitida de forma hereditária, sendo recessiva e poligênica (determinada por mais de um par de genes). É também fortemente influenciada por fatores de manejo e do meio ambiente.Seu combate é feito mediante a seleção dos exemplares, deixando aqueles que apresentam tendências à displasia fora do processo de reprodução.Para minimizar a influência dos fatores ambientais, os criadores devem procurar evitar que o cão seja exposto a traumas e esforços exagerados, evitando sobretudo a obesidade, os exercícios precoces, pisos lisos e trabalhos excessivos.A displasia provoca muitas dores no animal quando este se locomove, além de proporcionar um andar imperfeito, o que afeta a resistência do animal.Os sintomas aparecem a partir dos quatro/seis meses e se baseia não apenas na dor, mas na claudicação, dificuldade de locomoção, atrofia muscular, mobilidadealterada (excessiva ou diminuída) dependendo da fase (aguda e crônica respectivamente) e, finalmente, crepitação ao exame clínico da articulação.O diagnóstico definitivo só é realizado com o auxílio de raio X. Muitas pessoas possuem cães que apresentam displasia em diversos graus e não sabem. Achaminclusive que é "impossível" que seu animal possa ter este problema uma vez que correm, pulam e saltam enormes alturas sem dificuldade.Veja abaixo algumas sugestões para evitar que a displasia atinja seu cão:*evitar pisos lisos;*colocar a cadela e seus filhotes recém-nascidos sobre uma superfície levemente rugosa, como por exemplo a face áspera do eucatex, para que os filhotes possam locomover-se com mais firmeza sem escorregar (atenção para que o material utilizado não seja áspero demais e machuque os filhotes);*a partir dos três meses, é recomendável exercícios moderados (como a natação) visando fortalecer a musculatura pélvica, única estrutura de tecidos moles que auxilia na manutenção das articulações e que pode ser fortalecida (aumentada);*evitar ao máximo a obesidade;*evitar exercícios forçados e/ou precoces que podem provocar não apenas a displasia como também artroses. Deve-se evitar exercitar seu cão andando de bicicleta ou andando de carro e obrigando a cão a segui-lo, pois certamente estará forçando os limites do animal.Controle da Displasia:Todos os cães utilizados na reprodução devem passar por uma seleção radiográfica.Como condição mínima necessária, pelo menos os pais dos reprodutores devem ser isentos de displasia, não sendo preciso ressaltar que quanto mais longe formos no controle dos ascendentes, melhor será . O animais aprovados para a reprodução , também o deverão ser quanto a prova dos descendentes . Não basta apresentar articulações coxofemorais normais, pois animais nestas condições podem transmitir a má formação aos seus descendentes.É importante esclarecer que as radiografia só avaliam os aspectos fenotípicos (alterações radiográficas) e não genotípico. Freqüentemente animais sem sinais de displasia, são portadores dos respectivos genes.É preciso deixar muito claro, que todos os animais , com exceção dos da categoria A , sem sinais de displasia coxofemoral (HD-), do alemão Huftgelenk Dysplasie e do inglês Hip Dysplasia , apresentam displasia , em menor ou maior grau.Atualmente no Brasil, para fins de reprodução , é permitido o acasalamento dos cães pertencentes às 3 primeiras categorias, ou seja , A (HD-) , B (HD+/- ) e C (HD+), enquanto que em alguns países , como por exemplo a Alemanha, só são autorizados para o mesmo fim , as classificações A e B.Sugere-se ,caso a fêmea seja C (displasia coxofemoral leve HD+), que ela deva ter excelentes características do padrão da raça, como conformação , temperamento, etc. Estas virtudes ,devem superar as deficiências das articulações. Esta mesma fêmea deveria acasalar com um macho A , sem sinais de displasia coxofemoral (HD-). As recomendações para as fêmeas não devem ser aplicadas aos machos, já que os mesmos transmitirão a displasia para um número muito maior de filhotes.Animais levemente displásicos tendem a transmitir displasias discretas. É importante ressaltar que os critérios de acasalamento devem levar em consideração o tamanho do plantel e a conformação das articulações. Se a população de animais em uma determinada raça é muito grande ,e o controle da displasia é feito rotineiramente há muito tempo , o critério na reprodução será mais rígido se comparado com outras raças com menor número de exemplares e com controle radiográfico mais incipiente. Caso contrário limitaríamos tanto os acasalamentos, que poderiam não haver mais animais aptos para esse fim.Muitos proprietários questionam o diagnóstico radiográfico, quando o resultado é de displasia moderada ou severa e quando os cães correspondentes praticam exercícios diários intensos, sem manifestar qualquer sintoma. Isto é perfeitamente possível ,pois sabemos que muitas vezes não há correlação entre as lesões radiográficas e os sinais clínicos.Classificação das articulações coxofemorais :A (HD -) Sem sinais de displasia coxofemoral (fig 8)A cabeça femoral e o acetábulo são congruentes. O bordo acetabular crânio lateral apresenta-se pontiagudo e ligeiramente arredondado. O espaço articular é estreito e regular. O ângulo acetabular , segundo Norberg, é aproximadamente 105° , como referência.B (HD +/- ) Articulações coxofemorais próximas do normal (fig 9)A cabeça femoral e o acetábulo são ligeiramente incongruentes e o ângulo acetabular , segundo Norberg ,é de aproximadamente 105° ou o centro da cabeça femoral se apresenta medialmente ao bordo acetabular dorsal.C (HD+) displasia coxofemoral leve (fig 10)A cabeça femoral e o acetábulo são incongruentes. O ângulo acetabular , segundo Norberg, é de aproximadamente 100° e/ou há um ligeiro achatamento do bordo acetabular crânio lateral. Poderão estar presentes irregularidades ou apenas pequenos sinais de alterações osteoartrósicas da margem acetabular cranial, caudal ou dorsal, ou na cabeça e colo femorais.D (HD++) displasia coxofemoral moderada (fig 11)Evidente incongruência entre cabeça femoral e o acetábulo com subluxação. Ângulo acetabular, segundo Norberg, é maior do que 90°, como referência. Presença de achatamento do bordo acetabular crânio lateral e/ou sinais osteoartrósicos.E (HD +++) displasia coxofemoral severa (fig 12)Marcadas alterações displásicas das articulações coxofemorais, como luxação ou distinta subluxação. Ângulo acetabular , segundo Norberg, menor do que 90°. Evidente achatamento da margem acetabular cranial, , deformação da cabeça femoral (formato de cogumelo, achatada)ou outros sinais de osteoartrose.Índice de Norberg :Baseia-se na determinação dos centros das cabeças femorais e da união dos mesmos por intermédio de uma linha, que nos possibilitará traçar ,a partir de um dos centros uma Segunda linha, que tangenciará o bordo acetabular crânio lateral. As 2 linhas formam entre si um ângulo , chamado ângulo de Norberg.Sommer E.L.; Fratocchi, C.L.G. Displasia Coxofemoral Canina.Revista de Educação Continuada do CRMV-SPSão Paulo, fascículo 1, volume 1, p 036-043, 1998Fonte deste texto: http://www.veterinariaicarai.com.br/displasia.htm
####ROTTWEILER NO SCHUTZHUND ###
A fase do Schuzhund que normalmente desperta mais interesse no público em geral é a fase do "trabalho de mordida", mas essa também é a fase onde ocorre uma separação - A separação entre os cães que podem conseguir seu título em Schutzhund e os que não podem. Quase todos os rottweilers podem fazer trabalho de faro e obediência, mas muito são eliminados no trabalho de proteção devido ao fato de não saberem como lidar com o stress derivado deste. Normalmente não existe uma única razão para que um cão não possa fazer esse trabalho. Genética, ambiente, estrutura física e adestramento, todos influem para determinar a capacidade para trabalho de um cão. Mas o aspecto individual mais importante é a genética para definir ser um cão pode competir em um esporte como o Schutzhund. É devido a isso que você raramente, ou nunca, consegue encontrar um bom cão para Schutzhund vindo de linhagens de cães de exposição (show). Esses cães normalmente tem um temperamento muito fraco e não tem a capacidade mental de lidar com o trabalho tendo sido criados sem a capacidade para tal. Isso é valido para qualquer raça canina; Cães que fazem o trabalho inerente a sua raça vêem de pais e avós que também faziam esse trabalho, e não de linhas de "show" de cães que fazem pouco mais do que ficar mendingando por comida. Atualmente, um bom cão de trabalho pode ser encontrado nessas linhas de "show", mas normalmente trata-se de uma excessão que raramente perpetua sua capacidade de trabalho a seus descendentes. Isso pode parecer um absurdo para muitos, mas a prova está ai e pode ser vista em diversos clubes de schutzhund pelo mundo. Os melhores Rottweilers de trabalho vem da europa, mais especificamente da Alemanha. Isso devido às restrições de criação impostas pela ADRK obrigando os cães a passarem pelo trabalho de mordida além da conformidade estrutural antes de poder reproduzir. Não se deixe enganar pelos que dizem "Um rottweiler é um Rottweiler" e que ele pode fazer Schutzhund simplesmente por isso. Isso está longe de ser verdade. Se os ancestrais do seu cão foram a muito tirados do trabalho de Schutzhund podemos dizer que existe 99% de chances de que ele tenha capacidades duvidosas de fazer um bom trabalho de proteção. Cães de trabalho são "criados" e raramente "feitos". O trabalho de proteção é baseado em dois drives caninos: De caça e defesa. O de caça é o drive que faz com que o cão persigua e apanhe sua comida na selva, de forma a satisfazer sua fome e atinge seu ápice quando o cão está com fome. Agora que os cães são domesticados seu drive de caça não é mais baseado na fome, mas no instinto natural de perseguir e apanhar (uma bola, um rato, um frisbee, um figurante, etc.). Eu desejo que meu cão para Schutzhund tenha um alto instinto de caça devido a esses serem cães mais facilmente excitáveis e com mais desejo de corresponder mais a agitação e poder desenvolver-se rapidamente devido a seu grande entusiasmo pela caça. Alguns cães podem se dar muito bem em competições se seu drive de caça e o desejo de manter e lutar por essa caça for alto. De fato, esses cães costumam conseguir as melhores pontuações na proteção porque eles são facilmente controláveis durante as fases de obediência e também pelo fato da mordida não ser encarada como uma ameaça para esse tipo de cão. Um cão com muita caça regozija-se em morder e lutar com o figurante. O lado negativo de um cão somente com drive de caça é que o trabalho pode parecer um jogo do qual o cão pode desistir se eles tiverem uma má experiência ou alguma coisa dolorosa acontecer a eles (figurante pisa na pata, o bastão acidentalmente atinge as costelas, etc). Nesses momento de dor, os cães somente com caça podem desistir (e isso pode ser decepcionante para o condutor durante uma competição!) já que o "jogo" não está mais divertido. Muitas sessões de treinamento podem ser necessárias para conseguir trazer o cão de volta ao nível em que estava anteriormente - quando isso é possível. Por isso eu prefiro cães que tem um drive de caça alto e ainda é forte em defesa. Esse tipo de cão pode ser trabalhodo em qualquer lugar e ainda manter-se confiante já que o cão sempre leva o trabalho de mordido a sério e ainda assim gosta de fazê-lo. Dessa forma, se algum acidente acontecer durante a competição ou treinamento, o cão pode superar o problema (dor) com seu drive de defesa: O cão fica bravo e luta ainda mais bravamente. O drive de defesa é completamente diferente do de caça. O instinto de proteção faz com que o cão defenda primeiro a si mesmo e então seus filhotes, matilha, dono, etc. Esse é o lado sério dos cães. Quando ele não está se divertindo em uma perseguição mas sim defendendo/protegendo. O cão que se sente ameaçado de alguma forma faz com que ele morda de uma forma séria. Como você pode ver existe uma grande diferença entre os drives de caça e defesa e é por isso que é ideal que seu cão tenha ambos para ser um bom cão de Schutzhund. Você não iria querer muita defesa, no entanto, já que esses cães tendem a ser muitos nervosos e instáveis, o que não é bom para a prática de Schutzhund. O drive de defesa pode fluir pelos nervos do cão muito mais do que o de caça. Cães que podem parecer durões em defesa (latem e rosnam rapidamente ao menor sinal de agitação) são normalmente nervosos e assustados e não podem lidar com a pressão e o treinamento que lhes será aplicado. Esses cães são normalmente tensos e sem auto-confiança devido a sua genética, ao ambiente ou uma combinação de ambos. Esse tipo de cão super-nervoso não costumam se dar bem no Schutzhund e podem ser uma ameaça para a comunidade como um todo devido a agressividade por medo que surge ao menor sinal de provocação. Não confunda no entanto um cão super-nervoso com um cão com uma alta defesa mas ainda assim confiante e seguro nessa defesa. Esse tipo de cão normalmente é muito estável e confiante, sabendo quando é apropriado "ligar" sua defesa, sendo geralmente o tipo de cão ideal para o trabalho de proteção. É necessário sempre ter um figurante experiente e com conhecimento para saber quando trazer à tona e o quanto usar os drives de caça e defesa. Proteção é a fase em que você precisará de alguém para ajudá-lo. O figurante deve ser uma pessoa atlética com conhecimento e experiência em "ler" o temperamento de um cão. Sucesso no trabalho de proteção vai depender muito da habilidade do figurante, já que é esse que na realidade treina o cão. Ele deve saber ler e induzir o cão ensinando-o a morder de forma forte e cheia na manga, de forma segura e confiante. Muita prática e habilidade natural são necessárias para o trabalho de tornar-se um bom figurante. Algumas vezes uma pequena e sutil mudança do figurante, no momento certo, é tudo que se faz necessário para "criar" ou "quebrar" um cão durante o treinamento. No entanto não é trabalho do figurante assustar ou amedrontar o cão. O oposto disso é a verdade. É o trabalho do figurante tentar melhorar o cão durante todo o tempo e ter o bem estar do mesmo em mente juntamente com o desejo e progresso durante todo o tempo. Se você não pode contar com um figurante muito experiente, então peça que ele se concentre somente no drive de caça, já que este pode ser trabalhado seguramente. Trabalhar com o drive de defesa, sem saber como, pode criar um problema para toda a vida do cão. Por exemplo, se o figurante acidentalmente força demais a defesa do cão ele pode criar uma insegurança permanente no cão, o que fará com que ele não responda mais seguramente e pode arruinar esse cão para o trabalho. É vital que o figurante olhe individualmente para cada cão, visto que dois cães não terão o mesmo temperamento e cada cão deve ser treinado de acordo com sua habilidade e/ou limitação. É por isso que eu acredito que os figurantes devem passar por um estágio de forma a se tornarem competentes o suficiente para trabalhar com proteção canina, para seu bem, e o bem dos cães com qual ele irá trabalhar. O ideal seria que um figurante iniciante trabalhe primeiramente com alguém experiente e também seria bom se ele trabalhasse com cães já capacitados no início, de forma a ganhar experiência e devido ao fato de que cães já bem treinados irão conseguir lidar melhor com erros do figurante iniciante. Não é muito inteligente colocar um figurante sem experiência para trabalhar com um cão novato, já que qualquer erro pode criar uma má impressão no animal, o que irá perdurar muito. Isso ainda pode causar algum atrito entre o figurante e o condutor, o que, obviamente, não é desejável. Isso me conduz ao ponto de que o trabalho de figurante pode ser ingrato, já que exige horas de trabalho físico e mental intenso e porque as pessoas tendem a culpar o figurante por qualquer problema que ocorra no treinamento. Os figurantes carregam a glória e a culpa. O figurante tem que trabalhar duro, normalmente por pouco dinheiro e muitas vezes com pouco reconhecimento. Eu sugeriria a qualquer clube de Schutzhund - ou adestrador - que tenha um bom figurante - a tratá-lo bem ou ele pode mudar-se para outro grupo que o dê o devido valor. No nosso clube de Schutzhund, os figurante não pagam mensalidades, seminários ou refeições quando em tarefas para o clube. O clube também paga o equipamento e basicamente tenta manter seus figurantes felizes. Lembre-se de que o sucesso no trabalho de proteção depende de um figurante e que ele pode valer seu peso em ouro para o clube. Um figurante top-de-linha pode ser o sucesso do seu clube. Sendo eu mesmo um figurante, sou um pró-figurante, mas tenho certeza de que você entendeu o meu ponto. Cuide bem do seu figurante já que eles correm sérios riscos de se machucarem toda vez que fazem o trabalho de proteção. Preocupe-se também em formar novos figurantes, mas tenha consciência de que uma pessoa bem intensionada sem porte atlético não irá ajudar muito. Grande disposição física e mental é requerida para realizar o trabalho, sendo o mental ainda mais exigente. O figurante deve ler o cão e perceber seu temperamento. Ele deve então discutir o que ele vê com o condutor e preparar um plano de treinamento para esse cão. Isso pode ser muito difícil de ser feito em alguns cães e muito estressante para um bom figurante, já que o mesmo estará fazendo o melhor para aprimorar seu cão. Então agora temos a faca e o queijo: Começando a agitar seu cão. Assumindo que você tem acesso a um bom figurante, converse com ele sobre seu cão. Ouça o que ele tem a te dizer e responda honestamente sua perguntas a respeito de seu cão. Lembre-se de que o figurante deve ter uma boa visão sobre seu cão para saber como melhor trabalhar com ele. Você então deve prender seu cão a um poste com uma guia resistente de nylon ou couro de pelo menos 2 metros ou o condutor deve fazer o papel do poste. A coleira também deve ser resistente. O figurante deve então sair da linha de visão do cão (atrás de um biombo, muro, etc). Nesse momento o figurante deve sair de seu esconderijo com um pano, tira de couro ou manga em uma das mãos e um bastão ou chicote na outra, encarando o cão enquanto faz uso de uma linguagem corporal suspeita, mas sem se mover. (pessoalmente eu gosto de ficar a uns 8 metros do cão, mas isso pode variar muito). A partir desse ponto o cão pode então dar sinais que o figurante deve ser capaz de perceber e interpretar de acordo. Um cão com bons nervos e pouca disconfiança irá geralmente apenas encarar de volta ou agir indiferentemente em relação ao figurante. Depois de perceber esse tipo de resposta vindo do cão, o figurante irá reagir andando vagarosamente em direção ao animal com o corpo ligeiramente inclinado para frente, talvez estalando o chicote ou batendo com o bastão contra sua própria perna, simulando uma ameaça ao cão. Ele deve continuar avançando vagarosamente até conseguir alguma reação do cão. Essa reação pode ser sutil (como orelhas em posição de atenção total, encarando intensamente) ou muito forte (como latir e rosnar). É trabalho do figurante reagir imediatamente à reação do cão, correndo e se escondendo de forma que o cão sinta que ele conseguiu afugentar o sujeito. Estamos testando o drive de defesa do cão aqui. Quando o cão reage, o figurante deve rapidamente desviar o olhar e agitar efusivamente o pano ou tira de couro durante sua retirada de forma que isso ative o drive de caça do cão e libere o stress causado pelo drive de defesa inicialmente. Ao contrário dos cães calmos, tipicamente orientados à caça, os cães mais arredios irão normalmente reagir ao figurante rapidamente após sua aparição. Ele pode imediatamente latir ou rosnar para o figurante pelo fato desses cães ativarem seu drive de defesa muito antes dos cães calmos. Assim que perceber essa forte resposta, o figurante deve imediatamente responder a esse drive de defesa criando uma situação de caça, visto que os cães mais arredios podem facilmente se sobrecarregar. Cães arredios devem ser trabalhados quase exclusivamente orientados a caça com o objetivo de deixá-los menos tensos e calmos ao morder o pano ou o braço. Deve-se tomar cuidado para não estressar demais os cães arredios e manter excitados os calmos de forma que deu drive para morder a manga seja melhorado. O ideal é desejar que seu cão responda ao drive de defesa com confiança e ainda assim se entusiasme muito com seu drive de caça. É de vital importância que no início o cão se sinta totalmente no controle do figurante, vencendo todas as vezes. Mais uma vez ressalto que uma vez demonstrado o menor sinal de defesa pelo cão deve-se fazer com que ele imediatamente sinta atração pela caça do figurante fazendo com que dessa forma você tenha o cão cada vez mais mais seguro e reagindo mais rápido à aproximação do figurante. Agora que o figurante conseguiu uma reação de defesa do cão ele deve então saber o que deve vir a seguir. Deve-se aproximar do cão, mas não de uma forma direta ou ameaçadora. O figurante deve, ao invés disso, mover-se de um lado para o outro ao mesmo tempo em que agita um pano encurtando a distância entre o objeto-caça em sua mão e o cão. Enquanto se aproxima mais - até uns poucos metros do cão - ele deve agitar o objeto-caça cada vez mais próximo ao cão, dando ao mesmo a oportunidade de mordê-lo. Se o cão morder e agarrar o pano, o figurante deve então julgar os nervos do cão. Um cão arredio deve imeditamente ganhar a caça, enquanto um cão mais calmo pode receber uma certa resistência em um cabo-de-guerra com o figurante antes que o mesmo libere a caça para ele no momento seguinte, melhorando seu drive de luta. No treinamento de um cão novo, o figurante deve parar o trabalho após uma ou duas mordidas, parando o treinamento em seu clímax. Na última mordida o cão deve ganhar a caça e deve-se permitir que ele a carregue a seu bel-prazer. É muito importante não passar dos limites com cães novos. O cão deve sair da pista de treino cheio de empolgação e até com um gostinho de quero-mais. Ele deve desejar mais ao terminar, pois da próxima vez em que for trabalhar ele estará com seu drive alto e ao final irá desejar ainda mais e assim consecutivamente. Menos pode ser mais no trabalho de proteção. Também creio que um rottweiler jovem não deve ser atingido pelo bastão durante muitas sessões. No entanto o bastão deve estar presente no treinamento e o figurante pode agitá-lo próximo ao cão de uma forma não ameaçadora de forma a aclimatar o cão a ele e ajudar a superar seu desejo natural de evitar ser atingido. Se o seu cão não demonstrar pouco ou nenhum interesse pela caça e seu drive de defesa não puder ser estimulado pare o treinamento e deixe o cão de lado por um tempo. Não se deve forçar um cão a trabalhar antes que ele esteja maduro para isso. Lembre-se de que a idade para começar com cada cão é diferente sendo todos indivíduos únicos que não atingirão a maturidade ao mesmo tempo. Alguns rottweilers estão prontos para começar os treinos entre 10 e 12 meses de idade, enquanto outros não o estrão antes dos 15 ou 18 meses. Alguns podem até nunca estar preparados. Uma coisa que pode ser feita se o seu cão parece carecer de um bom drive é deixá-lo preso enquanto assiste a outro cão ser treinado. Isso costuma estimular o drive a vir à tona. É importante que ele fique assistindo apenas por um breve período, apenas para trazer o drive mas sem estressar o cão. Se seu cão está trabalhando bem e com bastante intensidade, então você pode trabalhar com ele de uma a três vezes por semana sem problemas. Mas se seu cão fica facilmente entediado ou perde o drive facilmente não treine com tanta frequência de forma que seu drive esteja melhor durante as sessões. Converse sobre isso com seu figurante. Ele deve saber orientá-lo de forma a dar esclarecer com que frequência seu cão deverá treinar. Alguns cães de competição podem morder firme uma manga logo na primeira vez. Outros podem precisar de meses de treino com um pano antes de poder partir para o braço enquanto alguns nunca poderão avançar no treino. Como dito anteriormente, o condutor e o figurante devem trabalhar juntamente de forma a observar o cão e treiná-lo da melhor forma para melhor seu desempenho. A tempo, você pode até ter que esperar mais alguns meses para esperar seu cão amadurecer mais e criar seu drive.É importante gerar uma base sólida em cães novos e inexperientes. Atalhos e experiências ruins são difícies de corrigir na nossa raça, já que a memória dos Rottweilers é como a dos elefante. Uma nota para manter em mente: "Paciência é uma virtude" - E ela traz suas recompensas quando trabalhando com um rottweiler. A cópia total ou parcial deste artigo só deve ser realizada com a permissão de seu autor, informando a fonte e nome do autor.
Autor: David DeleisseguesTexto Original: http://www.workingdogs.com/deleissegues_rott.htm Traduzido/Adaptado por: Eri Ramos Bastos
Autor: David DeleisseguesTexto Original: http://www.workingdogs.com/deleissegues_rott.htm Traduzido/Adaptado por: Eri Ramos Bastos
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Foram os Etólogos Scott e Fuller que iniciaram os estudos sobre as diferenças comportamentais do cão baseadas na genética de cada raça. Ao encontrar variação no estudo de cinco dessas raças, atribuíram estas diferenças a factores genéticos. Além disso observaram que a variabilidade de caracteres, dentro de cada raça, era igualmente bastante considerável.
Estes estudos sobre cães domésticos foram levados a cabo nos anos 50. Posteriormente tentou-se avaliar a transmissão hereditária de vários caracteres de conduta sobretudo em raças de trabalho. As conclusões que nos interessam e que procuramos quando analisamos exemplares destinados ao trabalho em geral e ao adestramento em particular, são as seguintes:
• A transmissão hereditária do comportamento é baixa e, em muitos casos, não é significativamente diferente de zero.
• O único traço de carácter que apresenta uma transmissão elevada (entre 0,4 e 0,5) é o medo. Também estão incluídas neste campo, aquilo a que poderíamos chamar: instabilidade emocional, irritabilidade ou nervosismo. Tudo isto contribui para uma inadequada resposta do cão num contexto de um ambiente estranho.
• Não foi possível demonstrar que os problemas comportamentais, tais como a agressividade inadequada, tenham alguma componente de origem hereditária.
• A componente hereditária materna é sempre superior à paterna.
Analisando estas conclusões podemos adiantar com alguma segurança que realmente, o animal não herda “virtudes” mas sim “vícios”. Logicamente estas conclusões, em qualquer altura, podem ser rebatidas mas, até este momento, não existem estudos experimentais que demonstrem o contrário. Através destas conclusões podemos ainda chegar (não de forma empírica mas sim de forma lógica) às seguintes premissas:
• O objectivo da selecção é obter “indivíduos normais”.
• Entendemos um exemplar normal como estando isento de “problemas psicofísicos”.
• A agressividade por medo pode ser corrigida através da selecção.
• A variabilidade dentro da mesma raça obedece a uma selecção inadequada.
Para darmos um exemplo prático das conclusões a que estes Etólogos chegaram vamos analisar dois tipos de cães de uma raça muito popular; um exemplar de beleza e outro de trabalho.
Nalguns Países, para esta raça de cães obter um Certificado de Aptidão para a Criação de exemplares de beleza é necessário, cada exemplar, estar habilitado através de três itens específicos, que são:
• Um certificado que comprove a ausência de displasia Coxo-Femural.
• Uma qualificação de Excelente numa Exposição de Beleza.
• Ausência de medo (observada através de uma detonação imprevista provocada por uma arma de fogo).
Em relação ao Certificado de despiste da displasia não há nada a opor, pelo contrário só trás benefícios para a selecção e, como medida de precaução é bastante acertada.
O juiz de uma Exposição de Beleza, como humano, pode cair na tentação de estereotipar a raça, adaptando-a ao seu conceito de exemplar perfeito da raça e aos seus gostos pessoais. Contra isso nem a raça nem os humanos podem fazer nada. De qualquer forma, esta medida também pode ser benéfica sempre que o juiz esteja realmente preparado para interpretar o standard e o seu julgamento não dependa de correntes mediáticas.
O ponto de discrepância encontramo-lo na prova de “ausência de medo”. Sendo o conceito de habituação a capacidade que o animal possui para deixar de responder a um estímulo quando este se produz com determinada frequência, facilmente se pode habituar um exemplar a não responder a um disparo ou, simplesmente a realizar uma actividade redirigida quando este se produz. Assim, é costume observarmos que, muitos exemplares, depois de escutarem uma detonação não reagem, demonstrando uma encapotada ausência de medo. O Juiz da prova, induzido em erro, irá chegar à conclusão que se trata de um cão “corajoso”. Realmente, estas provas não reflectem a ausência de medo do cão mas a habilidade do treinador em trabalhar a aquisição de hábito.
Assim, o cão declarado apto mediante esta selecção pode ser corajoso ou não, e a sua prole, no caso em que o progenitor, apesar de superar as provas exigidas, não possuir essa característica, fixará este traço de carácter nuns 0,4 ou 0,5.
O cão de trabalho é testado exaustivamente tanto física como psiquicamente. As provas de ausência de medo transladam de um contexto a outro, desde o disparo à defesa ou à agressão , desde a capacidade de aprendizagem rápida à manifestação de inteligência. Com tudo isto, a margem de erro na hereditariedade do medo reduz-se consideravelmente. Assim se explica que esta raça, após poucas gerações, fragmentou-se em duas: as nossas tão conhecidas expressões “linhas de beleza” e “linhas de trabalho”.
É lógico que nas raças “best sellers”, não podemos fazer passar todos os exemplares por provas excessivamente sofisticadas, mas poderemos conseguir fazer com que os Juízes tenham uma experiência e uma formação adequadas em comportamento canino que lhes possa permitir reduzir consideravelmente o grau de erro na selecção de exemplares aptos para a criação.
Estes estudos sobre cães domésticos foram levados a cabo nos anos 50. Posteriormente tentou-se avaliar a transmissão hereditária de vários caracteres de conduta sobretudo em raças de trabalho. As conclusões que nos interessam e que procuramos quando analisamos exemplares destinados ao trabalho em geral e ao adestramento em particular, são as seguintes:
• A transmissão hereditária do comportamento é baixa e, em muitos casos, não é significativamente diferente de zero.
• O único traço de carácter que apresenta uma transmissão elevada (entre 0,4 e 0,5) é o medo. Também estão incluídas neste campo, aquilo a que poderíamos chamar: instabilidade emocional, irritabilidade ou nervosismo. Tudo isto contribui para uma inadequada resposta do cão num contexto de um ambiente estranho.
• Não foi possível demonstrar que os problemas comportamentais, tais como a agressividade inadequada, tenham alguma componente de origem hereditária.
• A componente hereditária materna é sempre superior à paterna.
Analisando estas conclusões podemos adiantar com alguma segurança que realmente, o animal não herda “virtudes” mas sim “vícios”. Logicamente estas conclusões, em qualquer altura, podem ser rebatidas mas, até este momento, não existem estudos experimentais que demonstrem o contrário. Através destas conclusões podemos ainda chegar (não de forma empírica mas sim de forma lógica) às seguintes premissas:
• O objectivo da selecção é obter “indivíduos normais”.
• Entendemos um exemplar normal como estando isento de “problemas psicofísicos”.
• A agressividade por medo pode ser corrigida através da selecção.
• A variabilidade dentro da mesma raça obedece a uma selecção inadequada.
Para darmos um exemplo prático das conclusões a que estes Etólogos chegaram vamos analisar dois tipos de cães de uma raça muito popular; um exemplar de beleza e outro de trabalho.
Nalguns Países, para esta raça de cães obter um Certificado de Aptidão para a Criação de exemplares de beleza é necessário, cada exemplar, estar habilitado através de três itens específicos, que são:
• Um certificado que comprove a ausência de displasia Coxo-Femural.
• Uma qualificação de Excelente numa Exposição de Beleza.
• Ausência de medo (observada através de uma detonação imprevista provocada por uma arma de fogo).
Em relação ao Certificado de despiste da displasia não há nada a opor, pelo contrário só trás benefícios para a selecção e, como medida de precaução é bastante acertada.
O juiz de uma Exposição de Beleza, como humano, pode cair na tentação de estereotipar a raça, adaptando-a ao seu conceito de exemplar perfeito da raça e aos seus gostos pessoais. Contra isso nem a raça nem os humanos podem fazer nada. De qualquer forma, esta medida também pode ser benéfica sempre que o juiz esteja realmente preparado para interpretar o standard e o seu julgamento não dependa de correntes mediáticas.
O ponto de discrepância encontramo-lo na prova de “ausência de medo”. Sendo o conceito de habituação a capacidade que o animal possui para deixar de responder a um estímulo quando este se produz com determinada frequência, facilmente se pode habituar um exemplar a não responder a um disparo ou, simplesmente a realizar uma actividade redirigida quando este se produz. Assim, é costume observarmos que, muitos exemplares, depois de escutarem uma detonação não reagem, demonstrando uma encapotada ausência de medo. O Juiz da prova, induzido em erro, irá chegar à conclusão que se trata de um cão “corajoso”. Realmente, estas provas não reflectem a ausência de medo do cão mas a habilidade do treinador em trabalhar a aquisição de hábito.
Assim, o cão declarado apto mediante esta selecção pode ser corajoso ou não, e a sua prole, no caso em que o progenitor, apesar de superar as provas exigidas, não possuir essa característica, fixará este traço de carácter nuns 0,4 ou 0,5.
O cão de trabalho é testado exaustivamente tanto física como psiquicamente. As provas de ausência de medo transladam de um contexto a outro, desde o disparo à defesa ou à agressão , desde a capacidade de aprendizagem rápida à manifestação de inteligência. Com tudo isto, a margem de erro na hereditariedade do medo reduz-se consideravelmente. Assim se explica que esta raça, após poucas gerações, fragmentou-se em duas: as nossas tão conhecidas expressões “linhas de beleza” e “linhas de trabalho”.
É lógico que nas raças “best sellers”, não podemos fazer passar todos os exemplares por provas excessivamente sofisticadas, mas poderemos conseguir fazer com que os Juízes tenham uma experiência e uma formação adequadas em comportamento canino que lhes possa permitir reduzir consideravelmente o grau de erro na selecção de exemplares aptos para a criação.
## Os Processos de Aprendizagem no Cão##
Os Processos de Aprendizagem no Cão
Em termos gerais entende-se por aprendizagem, qualquer mudança de conduta de um animal, numa situação determinada, que é atribuída à sua experiência prévia com essa situação ou com outra que compartilhe certas características. Excluem-se por tanto, as mudanças que se devem à adaptação sensorial, à fadiga muscular, a possíveis danos físicos ou à maturação mental.
Podemos assim chegar à conclusão que um cão aprendeu algo, quando observamos uma mudança significativa no seu comportamento mas, temos que distinguir entre aquelas mudanças que se devem à aprendizagem das que se podem atribuir a outras causas. Se um cachorro procura comida num determinado local, e que algumas horas antes não o fazia, pode-se dever esta conduta a que agora esteja com mais fome que antes e que o que mudou foi o seu estado motivacional.
Foram propostas diversas classificações para os distintos tipos de aprendizagem:
1. Aprendizagem não associativa
Quando, depois de várias ocasiões nas quais se expõe o animal a um estímulo, este deixa de licitar uma resposta, diz-se que se produziu uma habituação. Podemos assegurar que, se a habituação está tão estendida no reino animal, deve ter uma grande importância biológica na hora de descriminar e tomar decisões apropriadas a cada situação evitando o gasto inútil de energia que implicaria o responder de forma repetida a estímulos que a experiência demonstra que são irrelevantes. Um cão jovem é normal que ladre a qualquer coisa (inclusive a uma mosca). Quando passa à fase juvenil o ladrar sem necessidade só implica um gasto de tempo e sobretudo de energia sem obter consequências positivas.
A aprendizagem também pode causar o aparecimento de novas respostas em vez da extinção das antigas. A este mecanismo dá-se o nome de sensibilização. Assim, um cão pode dirigir certas respostas em função de um estímulo, previamente neutro, depois de haver sido exposto a estímulos motivacionalmente importantes como o alimento (+) ou um castigo físico (-).
2. Aprendizagem associativa
Caracteriza-se porque o cão aprende a associar dois estímulos unidos no tempo. No condicionamento clássico ou Pavloviano, o primeiro estímulo é o condicional (uma luz, som, etc.) e o segundo o incondicional (alimento, água ou carícias). A vantagem da mudança para o condicionamento operante ou instrumental, primeiro é o sucesso de uma resposta comportamental do cão mais assertiva e o segundo, é a consequência que obtém desse comportamento. Tanto utilizando um método como o outro, a consequência será sempre reforçante.
A capacidade de aprender através destes dois tipos de condicionamento, resulta num grande valor adaptativo porque permite ao cão fazer com que seja mais previsível tudo o que ocorre no seu meio ambiente e responder com um comportamento mais adequado. Não obstante, o condicionamento operante é o melhor método dos dois porque permite ao cão desenvolver uma grande capacidade de “inventar”. Se para além disso, o animal, possuir uma certa capacidade cognitiva, o repertório pode aumentar exponencialmente. Noutras palavras, graças à aprendizagem associativa, o cão pode identificar relações de contingência e relações causais entre acontecimentos externos e o seu comportamento e os efeitos que estas podem ter.
3. Aprendizagem latente
Existem ocasiões em que um animal adquire informação do seu meio ambiente sem necessidade de obter uma resposta concreta e imediata. A este tipo de aprendizagem dá-se o nome de latente. Sabe-se que a informação está aí porque, dadas as condições apropriadas, o organismo faz uso dela. Normalmente adquire-se por exploração e pode ser de um grande valor adaptativo. Em liberdade poderia, por exemplo, ser a diferença entre ser depredado ou não. Quase todos os animais mostram precaução perante uma coloração apossemática (que não é venenosa) ou de advertência que exibem as suas possíveis presas.
4. Aprendizagem súbita
Tem lugar quando um indivíduo é capaz de resolver um problema sem recorrer ao processo tentativa / erro. Noutros termos, poderá dizer-se que o cão é capaz de usar informação, obtida num dado contexto, para resolver mentalmente, um problema surgido noutro contexto diferente.
Quando um animal resolve uma situação rapidamente, devido à experiência adquirida na resolução de outras similares, diz-se que desenvolveu estratégias de aprendizagem (learning sets). Realmente estas estratégias são de um grande valor adaptativo porque poupam ao cão uma grande quantidade de tempo na aprendizagem que de outro modo, se perderia se tivesse que resolver cada problema em separado. Em termos de adestramento chamamos a este conceito capacidade de resolução.
5. Aprendizagem social
Os animais que vivem em grupos sociais – como é o caso do cão – são capazes de aprender com outros indivíduos da sua espécie. É normal os primatas aprenderem a usar “ferramentas” para se alimentarem e inclusivamente, o uso de plantas medicinais. Nos cães que vivem em “matilhas mais ou menos livres” podemos observar como os cachorros que não tenham sido condicionados a um estímulo, reagem frente a ele, como viram fazer os seus progenitores.
Resumindo
De todas as formas de aprendizagem a mais utilizada, devido aos seus bons resultados, é a associativa instrumental ou operante. Realmente é aquela que preconizamos e utilizamos no nosso trabalho ainda que, logicamente ajustada à capacidade de cada indivíduo, e à sua raça.
O problema do adestrador complica-se sempre que, em vez de utilizar um rato de laboratório, indefeso perante as nossas manipulações, se enfrenta com um animal que não tem “nenhuma vontade” de se submeter a nenhum condicionamento e que para além disso se sente apoiado pelos seus dentes e pelo seu dono. Nunca vimos nenhum cão contente no primeiro dia que lhe colocamos a coleira e o obrigamos a adoptar uma postura de submissão. Com o passar do tempo e se a aprendizagem a que foi submetido é a correcta, voltará louco de alegria ao ver “o instrumento de tortura” nas nossas mãos.
Podemos assim chegar à conclusão que um cão aprendeu algo, quando observamos uma mudança significativa no seu comportamento mas, temos que distinguir entre aquelas mudanças que se devem à aprendizagem das que se podem atribuir a outras causas. Se um cachorro procura comida num determinado local, e que algumas horas antes não o fazia, pode-se dever esta conduta a que agora esteja com mais fome que antes e que o que mudou foi o seu estado motivacional.
Foram propostas diversas classificações para os distintos tipos de aprendizagem:
1. Aprendizagem não associativa
Quando, depois de várias ocasiões nas quais se expõe o animal a um estímulo, este deixa de licitar uma resposta, diz-se que se produziu uma habituação. Podemos assegurar que, se a habituação está tão estendida no reino animal, deve ter uma grande importância biológica na hora de descriminar e tomar decisões apropriadas a cada situação evitando o gasto inútil de energia que implicaria o responder de forma repetida a estímulos que a experiência demonstra que são irrelevantes. Um cão jovem é normal que ladre a qualquer coisa (inclusive a uma mosca). Quando passa à fase juvenil o ladrar sem necessidade só implica um gasto de tempo e sobretudo de energia sem obter consequências positivas.
A aprendizagem também pode causar o aparecimento de novas respostas em vez da extinção das antigas. A este mecanismo dá-se o nome de sensibilização. Assim, um cão pode dirigir certas respostas em função de um estímulo, previamente neutro, depois de haver sido exposto a estímulos motivacionalmente importantes como o alimento (+) ou um castigo físico (-).
2. Aprendizagem associativa
Caracteriza-se porque o cão aprende a associar dois estímulos unidos no tempo. No condicionamento clássico ou Pavloviano, o primeiro estímulo é o condicional (uma luz, som, etc.) e o segundo o incondicional (alimento, água ou carícias). A vantagem da mudança para o condicionamento operante ou instrumental, primeiro é o sucesso de uma resposta comportamental do cão mais assertiva e o segundo, é a consequência que obtém desse comportamento. Tanto utilizando um método como o outro, a consequência será sempre reforçante.
A capacidade de aprender através destes dois tipos de condicionamento, resulta num grande valor adaptativo porque permite ao cão fazer com que seja mais previsível tudo o que ocorre no seu meio ambiente e responder com um comportamento mais adequado. Não obstante, o condicionamento operante é o melhor método dos dois porque permite ao cão desenvolver uma grande capacidade de “inventar”. Se para além disso, o animal, possuir uma certa capacidade cognitiva, o repertório pode aumentar exponencialmente. Noutras palavras, graças à aprendizagem associativa, o cão pode identificar relações de contingência e relações causais entre acontecimentos externos e o seu comportamento e os efeitos que estas podem ter.
3. Aprendizagem latente
Existem ocasiões em que um animal adquire informação do seu meio ambiente sem necessidade de obter uma resposta concreta e imediata. A este tipo de aprendizagem dá-se o nome de latente. Sabe-se que a informação está aí porque, dadas as condições apropriadas, o organismo faz uso dela. Normalmente adquire-se por exploração e pode ser de um grande valor adaptativo. Em liberdade poderia, por exemplo, ser a diferença entre ser depredado ou não. Quase todos os animais mostram precaução perante uma coloração apossemática (que não é venenosa) ou de advertência que exibem as suas possíveis presas.
4. Aprendizagem súbita
Tem lugar quando um indivíduo é capaz de resolver um problema sem recorrer ao processo tentativa / erro. Noutros termos, poderá dizer-se que o cão é capaz de usar informação, obtida num dado contexto, para resolver mentalmente, um problema surgido noutro contexto diferente.
Quando um animal resolve uma situação rapidamente, devido à experiência adquirida na resolução de outras similares, diz-se que desenvolveu estratégias de aprendizagem (learning sets). Realmente estas estratégias são de um grande valor adaptativo porque poupam ao cão uma grande quantidade de tempo na aprendizagem que de outro modo, se perderia se tivesse que resolver cada problema em separado. Em termos de adestramento chamamos a este conceito capacidade de resolução.
5. Aprendizagem social
Os animais que vivem em grupos sociais – como é o caso do cão – são capazes de aprender com outros indivíduos da sua espécie. É normal os primatas aprenderem a usar “ferramentas” para se alimentarem e inclusivamente, o uso de plantas medicinais. Nos cães que vivem em “matilhas mais ou menos livres” podemos observar como os cachorros que não tenham sido condicionados a um estímulo, reagem frente a ele, como viram fazer os seus progenitores.
Resumindo
De todas as formas de aprendizagem a mais utilizada, devido aos seus bons resultados, é a associativa instrumental ou operante. Realmente é aquela que preconizamos e utilizamos no nosso trabalho ainda que, logicamente ajustada à capacidade de cada indivíduo, e à sua raça.
O problema do adestrador complica-se sempre que, em vez de utilizar um rato de laboratório, indefeso perante as nossas manipulações, se enfrenta com um animal que não tem “nenhuma vontade” de se submeter a nenhum condicionamento e que para além disso se sente apoiado pelos seus dentes e pelo seu dono. Nunca vimos nenhum cão contente no primeiro dia que lhe colocamos a coleira e o obrigamos a adoptar uma postura de submissão. Com o passar do tempo e se a aprendizagem a que foi submetido é a correcta, voltará louco de alegria ao ver “o instrumento de tortura” nas nossas mãos.
20/10/09
Os Instintos Básicos do Cachorro
Como desenvolver os
INSTINTOS BÁSICOS DO CACHORRO
Com vista a obter um futuro cão de Trabalho e Desporto
A solidez de carácter do cão adulto é consequência directa do adequado equilíbrio dos seus instintos naturais. A criação permite seleccionar os exemplares melhor dotados para o trabalho e para o desporto. O adestramento dá forma ao “todo”. E, neste sentido, o papel exercido pelo adestrador desde as primeiras semanas de vida é imprescindível.
Instinto Gregário
O cão, animal de matilha como o seu ancestral o Lobo, prefere viver no seio de uma comunidade. O medo atávico que o Lobo tem das pessoas foi vencido pelo cão há 16 000 anos com a sua domesticação.
O cão não considera o homem como pertencente à sua espécie, mas aceita-o no seio da sua comunidade e aprendeu a integrar-se também na humana. Esta circunstância faz com que o cão encontre facilmente o seu lugar na escala hierárquica da família humana que o acolhe e é esta a base da relação com o seu dono ou adestrador.
Mas o facto de o cão não temer os humanos tem como consequência que a conduta de os morder se encontre desinibida, em maior ou menor grau. Por esse motivo é possível que os exemplares adultos, em determinadas situações, sejam capazes de defender-se do homem ou, inclusivamente, atacá-lo.
O fenómeno baptizado por Konrad Lorenz Imprinting (anglicismo do termo alemão Prägung, e já abordado por nós em artigos anteriores), que significa impressão, tem lugar a partir da altura em que o cachorro abre os olhos e começa a ter noção do meio envolvente, nas terceira e quarta semanas de idade. Durante esta fase, diferentes estímulos e comportamentos adquirem um significado concreto que fica gravado para sempre.
É neste período que convém manipular o cachorro diariamente, pois é-lhe oferecida a oportunidade de reconhecer o homem como membro do seu grupo social. De facto, está provado cientificamente que os cachorros que, nesta idade, são pesados diariamente são mais seguros e sociáveis que aqueles que não têm tanta atenção por parte do homem. Quero com isto dizer que é obrigação do criador tratar cuidadosamente os cachorros e evitar que todas as situações desagradáveis possam deteriorar o futuro carácter do cão definitiva e irreparavelmente.
A partir da quinta semana começam a aparecer vestígios de comportamento de defesa do alimento, mas é depois da sexta semana que se evidenciam claros comportamentos agonísticos à volta do comedouro, com grande profusão de sinais: eriçamento dos pelos dorsais, rosnadelas, ladridos e autenticas lutas. Através deste tipo de condutas começa a estabelecer-se a escala hierárquica no grupo e um dos cachorros, geralmente o mais desenvolvido, começará a destacar-se dos restantes. Come primeiro, não deixa os irmãos acercar-se até que se sacie, colocará as patas sobre quem ouse disputar a sua primazia… em definitivo, converte-se num líder.
O criador não deve intervir neste processo, mas quando já estiver claramente estabelecida a dominância de um dos cachorros, chegou o momento de o separar dos outros para evitar que o seu carácter se construa à custa da deterioração do dos demais. Assim dá-se a oportunidade a outro de se converter em líder, repetindo-se assim o processo anterior até que fique só um que será o seu próprio líder.
Para a maturação do comportamento social é tão importante dominar como, em certas ocasiões, aceitar ser dominado. Uma atenta observação à ninhada oferecerá ao criador, nestas alturas, suficiente informação para que possa ter uma ideia clara das características psicológicas de cada exemplar: do carácter (capacidade de excitação), do temperamento (grau de dureza perante estímulos adversos), da inteligência adaptativa (facilidade de resolução perante situações novas), da capacidade de recuperação (facilidade de superação de situações desagradáveis), etc.
O segundo dominante é, de momento, o cachorro que demonstrou ser o melhor, pois foi dominado, recuperou-se e soube dominar os outros. O primeiro dominante só mostrou capacidade de dominar não passando pela experiência de ser dominado. Poderá ser este o melhor mas poderá dar-se o caso de não ser. Terá de demonstrar a sua capacidade de recuperação e, para isso o criador terá que intervir, submetendo-o e facilitando o seu restabelecimento.
O criador deve ser aceite como fazendo parte da comunidade. Para ele, ainda que os cachorros vivam separados, é conveniente que nalgumas ocasiões os juntem todos, mãe incluída, permanecendo debaixo da sua atenta supervisão. O criador deverá ser aceite como o elemento super-alfa. A sua experiência, sensibilidade, tolerância, doçura e firmeza permitirão que os cachorros aprendam a aceitar os diferentes estímulos, tanto positivos como negativos, com toda a naturalidade e sem inibições.
Através do jogo o cachorro aceita sem traumas a autoridade do homem. Brincar com o dono facilita a relação entre ambos, melhora a comunicação e facilita que o cão reconheça a hierarquia, que desenvolva a sua capacidade de aprendizagem e que adquira, em suma, a disposição necessária para o trabalho futuro.
Instinto Predatório
Durante todo o período de socialização (das 5 às 12 semanas), o criador deve iniciar as primeiras fases de fomento do instinto de caça, aproveitando as alturas em que se encontra reunida toda a ninhada – sem a mãe. Para evitar que os cachorros se cansem, estas sessões devem ser curtas, intensas e espaçadas no tempo.
Assim, utiliza-se um trapo velho, que servirá de presa, que devemos mover rápida, e entrecortadamente e que, rapidamente, deve afastar-se dos cachorros. Com este procedimento iremos estimular o comportamento de caça e desenvolver a conduta inata de perseguir uma peça de caça que corre e se afasta. Finalmente, permite-se que a mordam para dar por encerrado este ciclo e poder dar-lhes liberdade ao seu comportamento de presa (isto não é mais do que o que as mães lobas fazem para ensinar à sua prole as técnicas de caça).
Agora, podemos observar a capacidade expressiva da conduta persecutória, as características da mordida (tranquila ou nervosa, dura ou branda, ambiciosa ou tímida, duradoura ou breve) e o grau de possessibilidade.
Da análise do conjunto das características psicológicas dos cachorros, se obterá informação suficiente para os classificar no que diz respeito à força da sua carga instintiva e em relação ao equilíbrio entre os seus diferentes instintos. Seleccionam-se os exemplares mais aptos para o Trabalho Desportivo (RCI ou SchH, por exemplo) e estabelecem-se em cada caso a estratégia adequada onde irão assentar as bases do futuro adestramento.
Instinto de Sobrevivência
Quando o cachorro atinge as 12 / 14 semanas e já apresenta algumas sessões de trabalho relativas ao desenvolvimento do instinto de caça, pode-se aproveitar, ainda que leve e brevemente, o momento em que o acto de persegui a presa apresente a sua máxima expressão para, quase simultaneamente, permitir-lhe captura-la e assim restaurar a sua segurança e tranquilidade.
Com a apresentação de estímulos adversos de intensidade inferior ao impulso predatório, o cachorro aprende que a mordida – de escape -, tem um efeito benéfico, pois faz com que cesse a pressão. Assim, agora acede à presa através do Instinto de Sobrevivência e não, como antes, através do Instinto de Caça. O resultado é que o animal descobre que a forma de canalizar as suas inseguranças é através da mordida – mordida de escape.
Desta maneira, estabelecem-se solidamente as bases para o que no futuro será a pressão activa (pressão em direcção ao instinto).
INSTINTOS BÁSICOS DO CACHORRO
Com vista a obter um futuro cão de Trabalho e Desporto
A solidez de carácter do cão adulto é consequência directa do adequado equilíbrio dos seus instintos naturais. A criação permite seleccionar os exemplares melhor dotados para o trabalho e para o desporto. O adestramento dá forma ao “todo”. E, neste sentido, o papel exercido pelo adestrador desde as primeiras semanas de vida é imprescindível.
Instinto Gregário
O cão, animal de matilha como o seu ancestral o Lobo, prefere viver no seio de uma comunidade. O medo atávico que o Lobo tem das pessoas foi vencido pelo cão há 16 000 anos com a sua domesticação.
O cão não considera o homem como pertencente à sua espécie, mas aceita-o no seio da sua comunidade e aprendeu a integrar-se também na humana. Esta circunstância faz com que o cão encontre facilmente o seu lugar na escala hierárquica da família humana que o acolhe e é esta a base da relação com o seu dono ou adestrador.
Mas o facto de o cão não temer os humanos tem como consequência que a conduta de os morder se encontre desinibida, em maior ou menor grau. Por esse motivo é possível que os exemplares adultos, em determinadas situações, sejam capazes de defender-se do homem ou, inclusivamente, atacá-lo.
O fenómeno baptizado por Konrad Lorenz Imprinting (anglicismo do termo alemão Prägung, e já abordado por nós em artigos anteriores), que significa impressão, tem lugar a partir da altura em que o cachorro abre os olhos e começa a ter noção do meio envolvente, nas terceira e quarta semanas de idade. Durante esta fase, diferentes estímulos e comportamentos adquirem um significado concreto que fica gravado para sempre.
É neste período que convém manipular o cachorro diariamente, pois é-lhe oferecida a oportunidade de reconhecer o homem como membro do seu grupo social. De facto, está provado cientificamente que os cachorros que, nesta idade, são pesados diariamente são mais seguros e sociáveis que aqueles que não têm tanta atenção por parte do homem. Quero com isto dizer que é obrigação do criador tratar cuidadosamente os cachorros e evitar que todas as situações desagradáveis possam deteriorar o futuro carácter do cão definitiva e irreparavelmente.
A partir da quinta semana começam a aparecer vestígios de comportamento de defesa do alimento, mas é depois da sexta semana que se evidenciam claros comportamentos agonísticos à volta do comedouro, com grande profusão de sinais: eriçamento dos pelos dorsais, rosnadelas, ladridos e autenticas lutas. Através deste tipo de condutas começa a estabelecer-se a escala hierárquica no grupo e um dos cachorros, geralmente o mais desenvolvido, começará a destacar-se dos restantes. Come primeiro, não deixa os irmãos acercar-se até que se sacie, colocará as patas sobre quem ouse disputar a sua primazia… em definitivo, converte-se num líder.
O criador não deve intervir neste processo, mas quando já estiver claramente estabelecida a dominância de um dos cachorros, chegou o momento de o separar dos outros para evitar que o seu carácter se construa à custa da deterioração do dos demais. Assim dá-se a oportunidade a outro de se converter em líder, repetindo-se assim o processo anterior até que fique só um que será o seu próprio líder.
Para a maturação do comportamento social é tão importante dominar como, em certas ocasiões, aceitar ser dominado. Uma atenta observação à ninhada oferecerá ao criador, nestas alturas, suficiente informação para que possa ter uma ideia clara das características psicológicas de cada exemplar: do carácter (capacidade de excitação), do temperamento (grau de dureza perante estímulos adversos), da inteligência adaptativa (facilidade de resolução perante situações novas), da capacidade de recuperação (facilidade de superação de situações desagradáveis), etc.
O segundo dominante é, de momento, o cachorro que demonstrou ser o melhor, pois foi dominado, recuperou-se e soube dominar os outros. O primeiro dominante só mostrou capacidade de dominar não passando pela experiência de ser dominado. Poderá ser este o melhor mas poderá dar-se o caso de não ser. Terá de demonstrar a sua capacidade de recuperação e, para isso o criador terá que intervir, submetendo-o e facilitando o seu restabelecimento.
O criador deve ser aceite como fazendo parte da comunidade. Para ele, ainda que os cachorros vivam separados, é conveniente que nalgumas ocasiões os juntem todos, mãe incluída, permanecendo debaixo da sua atenta supervisão. O criador deverá ser aceite como o elemento super-alfa. A sua experiência, sensibilidade, tolerância, doçura e firmeza permitirão que os cachorros aprendam a aceitar os diferentes estímulos, tanto positivos como negativos, com toda a naturalidade e sem inibições.
Através do jogo o cachorro aceita sem traumas a autoridade do homem. Brincar com o dono facilita a relação entre ambos, melhora a comunicação e facilita que o cão reconheça a hierarquia, que desenvolva a sua capacidade de aprendizagem e que adquira, em suma, a disposição necessária para o trabalho futuro.
Instinto Predatório
Durante todo o período de socialização (das 5 às 12 semanas), o criador deve iniciar as primeiras fases de fomento do instinto de caça, aproveitando as alturas em que se encontra reunida toda a ninhada – sem a mãe. Para evitar que os cachorros se cansem, estas sessões devem ser curtas, intensas e espaçadas no tempo.
Assim, utiliza-se um trapo velho, que servirá de presa, que devemos mover rápida, e entrecortadamente e que, rapidamente, deve afastar-se dos cachorros. Com este procedimento iremos estimular o comportamento de caça e desenvolver a conduta inata de perseguir uma peça de caça que corre e se afasta. Finalmente, permite-se que a mordam para dar por encerrado este ciclo e poder dar-lhes liberdade ao seu comportamento de presa (isto não é mais do que o que as mães lobas fazem para ensinar à sua prole as técnicas de caça).
Agora, podemos observar a capacidade expressiva da conduta persecutória, as características da mordida (tranquila ou nervosa, dura ou branda, ambiciosa ou tímida, duradoura ou breve) e o grau de possessibilidade.
Da análise do conjunto das características psicológicas dos cachorros, se obterá informação suficiente para os classificar no que diz respeito à força da sua carga instintiva e em relação ao equilíbrio entre os seus diferentes instintos. Seleccionam-se os exemplares mais aptos para o Trabalho Desportivo (RCI ou SchH, por exemplo) e estabelecem-se em cada caso a estratégia adequada onde irão assentar as bases do futuro adestramento.
Instinto de Sobrevivência
Quando o cachorro atinge as 12 / 14 semanas e já apresenta algumas sessões de trabalho relativas ao desenvolvimento do instinto de caça, pode-se aproveitar, ainda que leve e brevemente, o momento em que o acto de persegui a presa apresente a sua máxima expressão para, quase simultaneamente, permitir-lhe captura-la e assim restaurar a sua segurança e tranquilidade.
Com a apresentação de estímulos adversos de intensidade inferior ao impulso predatório, o cachorro aprende que a mordida – de escape -, tem um efeito benéfico, pois faz com que cesse a pressão. Assim, agora acede à presa através do Instinto de Sobrevivência e não, como antes, através do Instinto de Caça. O resultado é que o animal descobre que a forma de canalizar as suas inseguranças é através da mordida – mordida de escape.
Desta maneira, estabelecem-se solidamente as bases para o que no futuro será a pressão activa (pressão em direcção ao instinto).
## Comportamentos tipo dos cães que são separados temporariamente dos donos .##
Comportamentos tipo dos cães que são separados temporariamente dos donos
Devido às necessidades actuais, têm crescido exponencialmente os hotéis caninos com vista a acolher temporariamente cães de donos que vão de férias ou, por qualquer outro motivo, necessitam de se afastar por um determinado tempo e não podem ser acompanhados pelo seu cão. É de registar, pelo que nos temos dado a perceber, uma intenção dessas instituições de proporcionar um elevado nível de bem-estar do cão de maneira a tentar fazer com que o animal se sinta “como em casa”. Mas muitas dessas intenções são baseadas no estabelecimento de uma analogia connosco próprios, quer dizer, pondo-nos no lugar do cão que está no canil.
Richard Dawkins em 1980 comentava que, “deduzir que um animal sofre enjaulado, porque nós reagiríamos dessa forma numa situação análoga, pode chegar a ser tão absurdo como pensar que um peixe se deveria afogar dentro de água”. Este conceito está tão difundido, que alguns fabricantes de rações preocupam-se em que os seus produtos tenham aromas agradáveis ao olfacto humano.
Quando falamos no castigo através da dor ou submissão, temos que ter em conta que tanto o medo como a dor ou outras formas de sofrimento não ocorrem por azar ou capricho masoquista da natureza, mas que foram produzidas pela Selecção Natural como mecanismos adaptativos e supõem uma vantagem evolutiva tanto para o homem como para o cão.
Por outro lado, a percepção da dor ou sofrimento está associada ao sistema nervoso e os componentes desse sistema é que são muito parecidos em ambas as espécies. Isto torna possível a ideia de que: apesar de não sofrermos pelas mesmas causas, o conceito de dor pode ser similar entre homem e cão.
É nas primeiras horas da estadia do cão no Hotel Canino que, através de observações atentas e conhecedoras, permite avaliar os comportamentos indicadores do seu bem-estar.
Os investigadores apontaram três tipos de comportamento ou categorias metodológicas que podem ser investigadas neste primeiro período de permanência num local estranho e acompanhadas por pessoas estranhas.
1. Modelo de comportamento associado ao GAS
Nalguns cães, o Síndrome Geral de Adaptação (GAS), é acompanhado de erecção dos pelos dorsais, expulsão de fezes e urina, vocalizações específicas, fuga ou agressões. A esta situação é chamada Reacção geral de emergência e, mais que como um indicador fiável de sofrimento, é utilizada para identificar o efeito desencadeador de stress em qualquer das manipulações a que são submetidos pelo tratador.
As reacções gerais de emergência são totalmente desejáveis para a sobrevivência de qualquer espécie. Imaginemos que somos sequestrados e introduzidos local fechado sem podermos comunicar com os nossos familiares. Não podemos, em nenhum momento, pensar que nos encontramos nessa situação por gosto, relaxados e em total acordo com o procedimento utilizado pelos nossos sequestradores. Sem cair no antropomorfismo podemos assegurar que qualquer cão equilibrado mostrará reacções anteriormente descritas. O GAS manifestar-se-á em função da classe hierárquica do indivíduo e o tempo que leva a desaparecer a predisposição do cão para se adaptar à sua nova situação.
2. Comportamentos associados ao medo, conflito ou frustração.
O estudo sobre estes modelos pode ser levado a cabo experimentalmente colocando o animal em situações que provoquem estes estados emocionais:
Presença de um humano com atitudes agressivas = medo
Colocar alimento frente a um modelo agressivo = conflito
Impedir-lhe o acesso a um alimento visível = frustração
Para esta experiência temos que ter em conta que é preferível contar com pessoas do sexo masculino que posteriormente não voltem a ter contacto com o cão. Se observarmos a magnitude dos conflitos descritos durante várias repetições num período não superior a dois dias, teremos um indicador quase fiável daquilo que o cão irá sentir posteriormente.
De realçar que é possível encontrar algumas raças e alguns indivíduos cujos comportamentos associados sejam totalmente dispares quanto à sua exteriorização.
A idade, a experiência do animal, a sua aprendizagem prévia, sexo e raça serão factores de variabilidade na hora de se estabelecer um “padrão próprio de tratamento” que deve ser estabelecido pelo tratador.
3. Comportamentos anormais.
Segundo Fox (1968) “são acções persistentes e não desejáveis que aparecem numa minoria da população, que não são provocadas por nenhum dano do sistema nervoso e que se generalizam para lá da situação que originalmente as provocou”. Normalmente são mal interpretadas como sendo “vícios”. O movimento de sacudir a cabeça, os contínuos passeios com o mesmo trajecto e, inclusivamente, a reiterada tentativa de morder a cauda é uma advertência de que nos encontramos perante um comportamento estereotipado indicador de uma conduta anormal.
Comportamentos estereotipados são um conjunto de movimentos repetidos e relativamente invariáveis que são realizados sem nenhum propósito aparente. A diferença entre um estereótipo indicador de uma conduta anormal e a de uma frustração ou medo, pode ser muito subtil e só um bom especialista pode distinguir se o cão apresenta uma reacção geral de emergência (totalmente desejável para a sua sobrevivência) ou realmente apresenta um comportamento anormal que é necessário corrigir.
Num período de férias em que há muitos cães entregues em hotéis caninos para uma estadia enquanto os donos se ausentam, achámos pertinente publicar este artigo que é fundamentalmente destinado aos responsáveis pelos Hotéis Caninos em geral e aos tratadores em particular.
O que nos motivou a fazê-lo são as nossas observações, em hotéis onde somos consultores, das dificuldades que os tratadores têm em resolver problemas de comunicação e manipulação de alguns cães, principalmente os que são separados dos donos pela primeira vez, com a consequente frustração de ambos. Sabemos que é uma situação pouco conhecida dos donos mas que é um problema altamente preocupante de todos os que estão encarregues de tratar de um “hóspede” a quem não conseguimos “dizer” que está ali temporariamente e que, sendo assim, não foi abandonado pelos “queridos” donos.
Richard Dawkins em 1980 comentava que, “deduzir que um animal sofre enjaulado, porque nós reagiríamos dessa forma numa situação análoga, pode chegar a ser tão absurdo como pensar que um peixe se deveria afogar dentro de água”. Este conceito está tão difundido, que alguns fabricantes de rações preocupam-se em que os seus produtos tenham aromas agradáveis ao olfacto humano.
Quando falamos no castigo através da dor ou submissão, temos que ter em conta que tanto o medo como a dor ou outras formas de sofrimento não ocorrem por azar ou capricho masoquista da natureza, mas que foram produzidas pela Selecção Natural como mecanismos adaptativos e supõem uma vantagem evolutiva tanto para o homem como para o cão.
Por outro lado, a percepção da dor ou sofrimento está associada ao sistema nervoso e os componentes desse sistema é que são muito parecidos em ambas as espécies. Isto torna possível a ideia de que: apesar de não sofrermos pelas mesmas causas, o conceito de dor pode ser similar entre homem e cão.
É nas primeiras horas da estadia do cão no Hotel Canino que, através de observações atentas e conhecedoras, permite avaliar os comportamentos indicadores do seu bem-estar.
Os investigadores apontaram três tipos de comportamento ou categorias metodológicas que podem ser investigadas neste primeiro período de permanência num local estranho e acompanhadas por pessoas estranhas.
1. Modelo de comportamento associado ao GAS
Nalguns cães, o Síndrome Geral de Adaptação (GAS), é acompanhado de erecção dos pelos dorsais, expulsão de fezes e urina, vocalizações específicas, fuga ou agressões. A esta situação é chamada Reacção geral de emergência e, mais que como um indicador fiável de sofrimento, é utilizada para identificar o efeito desencadeador de stress em qualquer das manipulações a que são submetidos pelo tratador.
As reacções gerais de emergência são totalmente desejáveis para a sobrevivência de qualquer espécie. Imaginemos que somos sequestrados e introduzidos local fechado sem podermos comunicar com os nossos familiares. Não podemos, em nenhum momento, pensar que nos encontramos nessa situação por gosto, relaxados e em total acordo com o procedimento utilizado pelos nossos sequestradores. Sem cair no antropomorfismo podemos assegurar que qualquer cão equilibrado mostrará reacções anteriormente descritas. O GAS manifestar-se-á em função da classe hierárquica do indivíduo e o tempo que leva a desaparecer a predisposição do cão para se adaptar à sua nova situação.
2. Comportamentos associados ao medo, conflito ou frustração.
O estudo sobre estes modelos pode ser levado a cabo experimentalmente colocando o animal em situações que provoquem estes estados emocionais:
Presença de um humano com atitudes agressivas = medo
Colocar alimento frente a um modelo agressivo = conflito
Impedir-lhe o acesso a um alimento visível = frustração
Para esta experiência temos que ter em conta que é preferível contar com pessoas do sexo masculino que posteriormente não voltem a ter contacto com o cão. Se observarmos a magnitude dos conflitos descritos durante várias repetições num período não superior a dois dias, teremos um indicador quase fiável daquilo que o cão irá sentir posteriormente.
De realçar que é possível encontrar algumas raças e alguns indivíduos cujos comportamentos associados sejam totalmente dispares quanto à sua exteriorização.
A idade, a experiência do animal, a sua aprendizagem prévia, sexo e raça serão factores de variabilidade na hora de se estabelecer um “padrão próprio de tratamento” que deve ser estabelecido pelo tratador.
3. Comportamentos anormais.
Segundo Fox (1968) “são acções persistentes e não desejáveis que aparecem numa minoria da população, que não são provocadas por nenhum dano do sistema nervoso e que se generalizam para lá da situação que originalmente as provocou”. Normalmente são mal interpretadas como sendo “vícios”. O movimento de sacudir a cabeça, os contínuos passeios com o mesmo trajecto e, inclusivamente, a reiterada tentativa de morder a cauda é uma advertência de que nos encontramos perante um comportamento estereotipado indicador de uma conduta anormal.
Comportamentos estereotipados são um conjunto de movimentos repetidos e relativamente invariáveis que são realizados sem nenhum propósito aparente. A diferença entre um estereótipo indicador de uma conduta anormal e a de uma frustração ou medo, pode ser muito subtil e só um bom especialista pode distinguir se o cão apresenta uma reacção geral de emergência (totalmente desejável para a sua sobrevivência) ou realmente apresenta um comportamento anormal que é necessário corrigir.
Num período de férias em que há muitos cães entregues em hotéis caninos para uma estadia enquanto os donos se ausentam, achámos pertinente publicar este artigo que é fundamentalmente destinado aos responsáveis pelos Hotéis Caninos em geral e aos tratadores em particular.
O que nos motivou a fazê-lo são as nossas observações, em hotéis onde somos consultores, das dificuldades que os tratadores têm em resolver problemas de comunicação e manipulação de alguns cães, principalmente os que são separados dos donos pela primeira vez, com a consequente frustração de ambos. Sabemos que é uma situação pouco conhecida dos donos mas que é um problema altamente preocupante de todos os que estão encarregues de tratar de um “hóspede” a quem não conseguimos “dizer” que está ali temporariamente e que, sendo assim, não foi abandonado pelos “queridos” donos.
Etiquetas: (GAS) Síndrome Geral de Adaptação, Conflito, Frustração, Stress
30/12/09
Adaptação Genética em Função das Necessidades da Domesticação
O que é que existe na sociedade humana que a torna tão passível de ser explorada? E como é que os cães conseguem fazê-lo? Nós somos, tal como dizia John S. Kennedy, etólogo especialista do comportamento animal, antropomorfizadores “compulsivos”, sempre à procura de comportamentos que mimem, mesmo ao de leve, fenómenos sociais humanos como a lealdade, a traição, a reciprocidade.
A nossa capacidade cognitiva que faz com que atribuamos responsabilidades aos outros é, em parte o que nos torna humanos. Mas isso é realmente compulsivo. Os seres humanos fazem-no de uma forma tão instintiva que estão sempre a atribuir motivos bons ou maus a forças inanimadas como, por exemplo, o tempo.
A nossa esperteza desaparece quando estamos na presença de um mestre como o cão. A nossa tendência é agarrarmo-nos a comportamentos caninos, que afinal são programados, e vermos nesses comportamentos histórias de amor e fidelidade. Muitas vezes, os cães só precisam de ser eles próprios para nos iludirem.
Tomemos como exemplo o “instinto de protecção” em que os donos de cães têm tanto orgulho. Estudos recentemente divulgados concluíram que este foi dos instintos que mais se foi diluindo com a domesticação do cão desde o seu inicio, há 16 000 anos. Os investigadores demonstraram que esta manifestação pretensamente instintiva não tem nada a ver com a lealdade do cão e a suposta preocupação que ele tem por nós. É sim um exemplo daquilo que os psicólogos chamam de “agressão facilitada”. Em vez de sermos protegidos, o cão sente-se protegido por nós e está alerta para qualquer sinal de perigo vindo do exterior.
Pensemos também nas inúmeras histórias que já ouvimos sobre cães que salvaram pessoas. Os cães não têm nenhum instinto especial que os faça salvar pessoas e não entendem que é isso que estão a fazer mesmo quando o fazem. Os cães de busca e salvamento são treinados através da exploração do instinto que têm (esse sim) de cobro ao trazer objectos que lhes são atirados. Os cães são treinados a apanhar e a ir buscar apenas um objecto. Uma vez que conseguem dominar esta tarefa, estão prontos para o passo seguinte: o treinador pega num objecto que o cão goste muito e esconde-se e o cão é encorajado a encontrar o seu brinquedo (motivador). Quando o cão descobre o seu treinador, recebe o brinquedo como recompensa. A repetição frequente deste exercício facilita a consolidação do mesmo.
Isto não retira aos cães o seu fabuloso sentido de olfacto e a capacidade que têm para serem treinados, nem o útil que são em situações desse género. O Que isto significa é que as coisas são mais simples do que nós queremos acreditar. Tal como Gregory Acland salienta, “o que estamos a fazer é isolar um comportamento e a subvertê-lo.” Newfoundlands e outros cães que retiram objectos da água não podem nadar ao lado dos seus donos porque estão sempre a tentar “salvá-los”.
O ponto a que comportamentos complexos semelhantes são geneticamente programados é por vezes assustador. Cadelas grávidas ou em pseudo-gestação tentam frequentemente adoptar um animal de peluche e “tomar conta” dele. Um pássaro cardeal no seu ambiente natural foi observado durante semanas a alimentar peixinhos. Os peixes vinham à tona da água e abriam a boca – como fazem os filhos dos pássaros -, e isto despoleta o comportamento “paternal” da ave.
Uma parte do trabalho de Elaine Ostrander no Projecto sobre o Genoma Canino apresenta uma tentativa em identificar os genes responsáveis por instintos caninos tão complexos como o dos border collies e a sua tendência gregária ou o gosto pela água dos newfoundlands. A terceira geração de cachorros cruzados entre border collies e newfoundlands revelou uma boa mistura dos dois comportamentos – o suficiente para acreditarmos que foram controlados geneticamente. Esta experiência, que envolveu cerca de uma dúzia de genes, prova que precisaríamos de uma centenas de cães para concebermos uma estrutura desses genes.
Melissa Fleming, uma seguidora dos passos de Ostrander, desenvolveu uma análise que permite quantificar certas diferenças de comportamento inatas. Fleming descobriu, que os border collies olhavam fixamente para um carro que funciona por controlo remoto, enquanto o newfoundland não lhe prestava qualquer atenção e só reagia quando o carro vinha na sua direcção.
Outros estudos demonstraram até que ponto é que o comportamento canino é geneticamente definido. Certos tipos de huskies siberianos e de pointers têm uma enorme timidez ou aversão em relação ao ser humano. Quando em contacto com outros cães e mantidos no mesmo canil, os cães tímidos retraem-se (os pointers chegam mesmo a ficar totalmente imóveis quando as pessoas se aproximam), enquanto os outros cães pedem festas. Os criadores conseguiram produzir cães de raça que ladram e outros que não ladram quando sentem o cheiro de uma pista e dálmatas que assumem ou não posições de estátua e acompanham de perto o galope dos cavalos, e até poodles miniatura que nos dão um “passou bem” ou não.
Muito provavelmente o gene da submissão não existe, mas é isso que faz com que o cão saia muitas vezes ileso de situações, inclusivamente de homicídio, na sociedade humana e é inato no comportamento social do lobo. Os cães são animais sociais, tal como nós. A organização social canina consiste numa hierarquia muito rígida em que a submissão a cães superiores e o seu apaziguamento são elementos fundamentais para a sobrevivência. As hierarquias de domínio evitam a violência, mas ela está sempre presente. “É isso que os cães fazem na vida”, diz Gregory Acland, “calculam o comportamento que é esperado deles numa determinada situação e actuam”.
Até os maus treinadores conseguem que os cães façam o que eles querem. Se berrarmos a um cão, ele adula-nos. Será que isto significa que ele se está a desculpar por se ter “descuidado” no tapete persa? A verdade é que isso não interessa ao cão. A adulação é uma técnica de desvio da agressão que o cão domina. Comportamentos como estes são próprios da evolução dos lobos porque são socialmente eficazes. Os cães limitaram-se a afinar estes comportamentos para os poderem aplicar na convivência com o ser humano. Tal como nós somos geneticamente programados para procurarmos sinais de amor e lealdade, os cães são geneticamente programados para explorarem essa nossa fraqueza.
A nossa capacidade cognitiva que faz com que atribuamos responsabilidades aos outros é, em parte o que nos torna humanos. Mas isso é realmente compulsivo. Os seres humanos fazem-no de uma forma tão instintiva que estão sempre a atribuir motivos bons ou maus a forças inanimadas como, por exemplo, o tempo.
A nossa esperteza desaparece quando estamos na presença de um mestre como o cão. A nossa tendência é agarrarmo-nos a comportamentos caninos, que afinal são programados, e vermos nesses comportamentos histórias de amor e fidelidade. Muitas vezes, os cães só precisam de ser eles próprios para nos iludirem.
Tomemos como exemplo o “instinto de protecção” em que os donos de cães têm tanto orgulho. Estudos recentemente divulgados concluíram que este foi dos instintos que mais se foi diluindo com a domesticação do cão desde o seu inicio, há 16 000 anos. Os investigadores demonstraram que esta manifestação pretensamente instintiva não tem nada a ver com a lealdade do cão e a suposta preocupação que ele tem por nós. É sim um exemplo daquilo que os psicólogos chamam de “agressão facilitada”. Em vez de sermos protegidos, o cão sente-se protegido por nós e está alerta para qualquer sinal de perigo vindo do exterior.
Pensemos também nas inúmeras histórias que já ouvimos sobre cães que salvaram pessoas. Os cães não têm nenhum instinto especial que os faça salvar pessoas e não entendem que é isso que estão a fazer mesmo quando o fazem. Os cães de busca e salvamento são treinados através da exploração do instinto que têm (esse sim) de cobro ao trazer objectos que lhes são atirados. Os cães são treinados a apanhar e a ir buscar apenas um objecto. Uma vez que conseguem dominar esta tarefa, estão prontos para o passo seguinte: o treinador pega num objecto que o cão goste muito e esconde-se e o cão é encorajado a encontrar o seu brinquedo (motivador). Quando o cão descobre o seu treinador, recebe o brinquedo como recompensa. A repetição frequente deste exercício facilita a consolidação do mesmo.
Isto não retira aos cães o seu fabuloso sentido de olfacto e a capacidade que têm para serem treinados, nem o útil que são em situações desse género. O Que isto significa é que as coisas são mais simples do que nós queremos acreditar. Tal como Gregory Acland salienta, “o que estamos a fazer é isolar um comportamento e a subvertê-lo.” Newfoundlands e outros cães que retiram objectos da água não podem nadar ao lado dos seus donos porque estão sempre a tentar “salvá-los”.
O ponto a que comportamentos complexos semelhantes são geneticamente programados é por vezes assustador. Cadelas grávidas ou em pseudo-gestação tentam frequentemente adoptar um animal de peluche e “tomar conta” dele. Um pássaro cardeal no seu ambiente natural foi observado durante semanas a alimentar peixinhos. Os peixes vinham à tona da água e abriam a boca – como fazem os filhos dos pássaros -, e isto despoleta o comportamento “paternal” da ave.
Uma parte do trabalho de Elaine Ostrander no Projecto sobre o Genoma Canino apresenta uma tentativa em identificar os genes responsáveis por instintos caninos tão complexos como o dos border collies e a sua tendência gregária ou o gosto pela água dos newfoundlands. A terceira geração de cachorros cruzados entre border collies e newfoundlands revelou uma boa mistura dos dois comportamentos – o suficiente para acreditarmos que foram controlados geneticamente. Esta experiência, que envolveu cerca de uma dúzia de genes, prova que precisaríamos de uma centenas de cães para concebermos uma estrutura desses genes.
Melissa Fleming, uma seguidora dos passos de Ostrander, desenvolveu uma análise que permite quantificar certas diferenças de comportamento inatas. Fleming descobriu, que os border collies olhavam fixamente para um carro que funciona por controlo remoto, enquanto o newfoundland não lhe prestava qualquer atenção e só reagia quando o carro vinha na sua direcção.
Outros estudos demonstraram até que ponto é que o comportamento canino é geneticamente definido. Certos tipos de huskies siberianos e de pointers têm uma enorme timidez ou aversão em relação ao ser humano. Quando em contacto com outros cães e mantidos no mesmo canil, os cães tímidos retraem-se (os pointers chegam mesmo a ficar totalmente imóveis quando as pessoas se aproximam), enquanto os outros cães pedem festas. Os criadores conseguiram produzir cães de raça que ladram e outros que não ladram quando sentem o cheiro de uma pista e dálmatas que assumem ou não posições de estátua e acompanham de perto o galope dos cavalos, e até poodles miniatura que nos dão um “passou bem” ou não.
Muito provavelmente o gene da submissão não existe, mas é isso que faz com que o cão saia muitas vezes ileso de situações, inclusivamente de homicídio, na sociedade humana e é inato no comportamento social do lobo. Os cães são animais sociais, tal como nós. A organização social canina consiste numa hierarquia muito rígida em que a submissão a cães superiores e o seu apaziguamento são elementos fundamentais para a sobrevivência. As hierarquias de domínio evitam a violência, mas ela está sempre presente. “É isso que os cães fazem na vida”, diz Gregory Acland, “calculam o comportamento que é esperado deles numa determinada situação e actuam”.
Até os maus treinadores conseguem que os cães façam o que eles querem. Se berrarmos a um cão, ele adula-nos. Será que isto significa que ele se está a desculpar por se ter “descuidado” no tapete persa? A verdade é que isso não interessa ao cão. A adulação é uma técnica de desvio da agressão que o cão domina. Comportamentos como estes são próprios da evolução dos lobos porque são socialmente eficazes. Os cães limitaram-se a afinar estes comportamentos para os poderem aplicar na convivência com o ser humano. Tal como nós somos geneticamente programados para procurarmos sinais de amor e lealdade, os cães são geneticamente programados para explorarem essa nossa fraqueza.
Etiquetas: Antropomorfização, Domesticação, Genoma Canino, Genética
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
## conheça o cão pastores BELGA MALINOIS E O Groenendael ##
Temperamento
Pastores Belgas foram selecionados por serem inteligentes, alertas e atentos a tudo que acontece ao redor deles, e para desenvolver laços de relações extremamente fortes. Isto significa que eles necessitam uma socialização significante quando filhotes, passagem de vida bastante ativa, e irão procurar estar todo o tempo com o "seu humano", preferivelmente fazendo alguma atividade do que ficar esperando do lado do dono. Podem achar bastante difícil ficar a sós.
Os Malinois são cães muito inteligentes e que respondem com muita facilidade a estímulos. Da mesma maneira, se não forem socializados, estimulados, enquanto filhotes, podem desenvolver uma espécie de "receio" ou "medo". Essa falta de socialização e o modo como ela é demonstrada é comum em quase todas as raças caninas, porém parece que há uma tendência maior de os filhotes de Malinois desenvolverem fobias e receios se não forem adequadamente socializados.
Os Pastores Belgas gostam de agradar, e podem reagir muito mal a treinamentos "negativos" (baseados em punições ou intimidações), e devem ser treinados apenas em treinos baseados em recompensas. Também podem se comportar como se pensassem que são mais espertos que seus donos, então é importante para o dono saber como treinar cães ou então registrá-los em canis de adestramento. Treinamento profissional é altamente recomendável por treinadores/academias especificamente à este tipo de cão, bem como treinamento contínuo ou o desenvolvimento que vai além do básico, como obediência, agility e pastoreio e outros esportes. Isto porque os Pastores Belgas, como uma regra, requerem estimulação mental tanto quanto ou mais do que física. A maioria dos donos de Belgas sabem que treinos baseados em rotinas não são o ideal para eles. Nem exercícios repetitivos são uma atividade que irá se provar bem sucedida. Se o Belga faz algo bem feito por três vezes seguidas, ele, ou ela, não vê sentido em fazê-lo pela quarta vez!
Pastores Belgas precisam de muita atividade e interação muito próxima das pessoas. Como a maioria das raças de pastoreio, precisam de um trabalho para fazer (seja jogar frisbee no parque, pastoreio, aprender truques, agility). Tocar um brinquedo sem parar para o cão ir buscar funciona para algumas outras raças, mas os Belgas são cães inteligentes e sociáveis que podem facilmente ficarem entediados com uma repetição tão simples e complacente. Muitos Belgas dão magníficos cães de assistência que prosperam em saber que seu trabalho é de fato necessário para aquela pessoa escolhida.
[editar] Cuidados
Fêmea de Pastor Belga Tervueren
São amplamente considerados serem um belo cão, leais, inteligentes, divertidos, assim como bem apropriados para a vida em família. Porém, por causa da sua alta sensitividade à criticas ou a ser ignorado, é necessário ter um cuidado no tratamento e na socialização, eles necessitam de incentivos e atividades intencionais, e seu potencial (em comum com outros cães de muita energia, como os Huskies Siberianos) em desenvolver problemas ou até ser destrutivos se entediados, não são usualmente considerados apropriados para o dono de primeira vez ou sem experiência, ou alguém que não pode atender suas necessidades.
[editar] Saúde
Belgas sobretudo são uma raça bem saudável, especialmente comparados a outras tantas raças. Suas doenças mais comuns são epilepsia, displasia da bacia, problemas com a tireóide, e cataratas. Um estudo indica que 17% (um em cada 6) desenvolvem epilepsia, apesar de que a maioria deles irão apenas desenvolver uma epilepsia curta, repentina e ocasional e não irão ficar seriamente afetados com isso. A forma mais compacta dos Belgas significa que serão menos suscetíveis à desenvolver displasia do que Pastores Alemães ou outras raças (por volta de 8% ou 1 em 12). Catarata pode ser desenvolvida por volta de 2-4 ano
Pastores Belgas foram selecionados por serem inteligentes, alertas e atentos a tudo que acontece ao redor deles, e para desenvolver laços de relações extremamente fortes. Isto significa que eles necessitam uma socialização significante quando filhotes, passagem de vida bastante ativa, e irão procurar estar todo o tempo com o "seu humano", preferivelmente fazendo alguma atividade do que ficar esperando do lado do dono. Podem achar bastante difícil ficar a sós.
Os Malinois são cães muito inteligentes e que respondem com muita facilidade a estímulos. Da mesma maneira, se não forem socializados, estimulados, enquanto filhotes, podem desenvolver uma espécie de "receio" ou "medo". Essa falta de socialização e o modo como ela é demonstrada é comum em quase todas as raças caninas, porém parece que há uma tendência maior de os filhotes de Malinois desenvolverem fobias e receios se não forem adequadamente socializados.
Os Pastores Belgas gostam de agradar, e podem reagir muito mal a treinamentos "negativos" (baseados em punições ou intimidações), e devem ser treinados apenas em treinos baseados em recompensas. Também podem se comportar como se pensassem que são mais espertos que seus donos, então é importante para o dono saber como treinar cães ou então registrá-los em canis de adestramento. Treinamento profissional é altamente recomendável por treinadores/academias especificamente à este tipo de cão, bem como treinamento contínuo ou o desenvolvimento que vai além do básico, como obediência, agility e pastoreio e outros esportes. Isto porque os Pastores Belgas, como uma regra, requerem estimulação mental tanto quanto ou mais do que física. A maioria dos donos de Belgas sabem que treinos baseados em rotinas não são o ideal para eles. Nem exercícios repetitivos são uma atividade que irá se provar bem sucedida. Se o Belga faz algo bem feito por três vezes seguidas, ele, ou ela, não vê sentido em fazê-lo pela quarta vez!
Pastores Belgas precisam de muita atividade e interação muito próxima das pessoas. Como a maioria das raças de pastoreio, precisam de um trabalho para fazer (seja jogar frisbee no parque, pastoreio, aprender truques, agility). Tocar um brinquedo sem parar para o cão ir buscar funciona para algumas outras raças, mas os Belgas são cães inteligentes e sociáveis que podem facilmente ficarem entediados com uma repetição tão simples e complacente. Muitos Belgas dão magníficos cães de assistência que prosperam em saber que seu trabalho é de fato necessário para aquela pessoa escolhida.
[editar] Cuidados
Fêmea de Pastor Belga Tervueren
São amplamente considerados serem um belo cão, leais, inteligentes, divertidos, assim como bem apropriados para a vida em família. Porém, por causa da sua alta sensitividade à criticas ou a ser ignorado, é necessário ter um cuidado no tratamento e na socialização, eles necessitam de incentivos e atividades intencionais, e seu potencial (em comum com outros cães de muita energia, como os Huskies Siberianos) em desenvolver problemas ou até ser destrutivos se entediados, não são usualmente considerados apropriados para o dono de primeira vez ou sem experiência, ou alguém que não pode atender suas necessidades.
[editar] Saúde
Belgas sobretudo são uma raça bem saudável, especialmente comparados a outras tantas raças. Suas doenças mais comuns são epilepsia, displasia da bacia, problemas com a tireóide, e cataratas. Um estudo indica que 17% (um em cada 6) desenvolvem epilepsia, apesar de que a maioria deles irão apenas desenvolver uma epilepsia curta, repentina e ocasional e não irão ficar seriamente afetados com isso. A forma mais compacta dos Belgas significa que serão menos suscetíveis à desenvolver displasia do que Pastores Alemães ou outras raças (por volta de 8% ou 1 em 12). Catarata pode ser desenvolvida por volta de 2-4 ano
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